domingo, 4 de março de 2012

DO ARREPENDIMENTO PRA A VIDA - PRIMEIRA PARTE

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Estudos na Confissão de Fé de Westminster.
Professor Rev. João Ricardo Ferreira de França.
(Dia do Senhor, 04 de março de 2012)
DO ARREPENDIMENTO PARA A VIDA – CAPÍTULO XV.
Seção I – “Arrependimento para a vida  é uma graça evangélica, doutrina esta que deve ser proclamada por todo ministro do evangelho, tanto quanto a da fé em Cristo.
Exposição:
         Eis ai uma doutrina verdadeiramente esquecida em nosso tempo. O arrependimento para a vida tem sido um dos ensinos totalmente negligenciado em nossa época. Isto porque o evangelicalismo moderno tem pregado a necessidade de bens e prosperidade, mas não se tem ensinado uma mudança de mente, de pensamento.
         Porque tornou-se difícil pregar o arrependimento em nossa época? A resposta a esta questão talvez seja porque houve uma redefinição do que seja pecado. A nossa cultura pós-moderna passou a ter um conceito de pecado como algo inventado pela religião para mantê-lo refém e dependente de uma divindade. Isso é tão verdadeiro que alguém escreveu: “Hoje em dia a acusação: ‘você pecou’, é dita geralmente com um sorriso e num tom que denota uma piada. Houve época em que tal acusação teve o poder de chocar as pessoas.”[1]
         Então, o ensino sobre o arrependimento é uma conseqüência natural do entendimento que temos dos efeitos devastadores do pecado. Outro pastor evangélico nos lembra esta verdade em termos chocantes:
Afaste a realidade do pecado e você eliminará a possibilidade de arrependimento. Anule a doutrina da corrupção humana e você invalidará o plano de salvação. Apague a noção de culpa pessoal e você eliminará a necessidade de um salvador[...] Agir assim é destruir o verdadeiro evangelho que fomos chamados a proclamar.[2]
         Então, esta é uma das razões pelas quais devemos estudar a doutrina do arrependimento.  Vejamos o que podemos aprender sobre este ensino na primeira seção da nossa Confissão de Fé de Westminster (CFW):
I – DEFININDO ARREPENDIMENTO.     
         A CFW começa esta sua proposição definindo-nos o arrependimento. A definição apresentada na Confissão é que esta doutrina trata-se de uma “graça evangélica”.
         Nesta simples definição lidamos com dois termos que são carregados de conceitos teológicos significativos. O primeiro deste termo é a palavra “graça” e o segundo termo é a palavra “evangélica”.
         A palavra “graça” indica o “favor imerecido de Deus; é o seu amor, que não merecemos.[3] É precisamente este conceito que está em voga quando a nossa Confissão define a doutrina do arrependimento, ou seja, ela mostra que o arrependimento que conduz à vida é uma ação graciosa e imerecida da parte de Deus para com o pecador. É precisamente isto que nos ensina a palavra de Deus em Atos 11.18.
         A implicação disso é que o arrependimento não é algo provocado por nós, mas Deus em seu favor imerecido nos dá de forma graciosa  o arrependimento para a vida.
         O segundo termo que chama a nossa atenção nesta definição é a palavra “evangélica”. Ou seja, o arrependimento não é apenas uma graça ou um favor imerecido de Deus, mas é também uma graça manifestada pelo evangelho de Deus ou proveniente deste evangelho.
         O vocábulo “evangelho” vem de um vocábulo grego que significa “boas novas”. Alguém já disse que esta palavra é “o resumo final de toda a mensagem cristã (Marcos 1.1; 1 Coríntios 15.1)”[4] A mensagem de Deus provoca no homem este arrependimento necessário à vida.
         A súmula disso tudo é o que o arrependimento é uma mudança de mente provocada pela graça de Deus através da simples e clara proclamação do evangelho de Cristo Jesus.
II – UMA DOUTRINA QUE DEVE SER PREGADA
         A CFW lembra-nos que esta doutrina do arrependimento “deve ser proclamada por todo ministro do evangelho, tanto quanto a da fé em Cristo.” Isto é importante ser ressaltado, pois, em nossos dias fala-se tanto da fé, que a fé cura, que fé restaura o patrimônio financeiro, a fé faz você restaurar sua saúde; todavia, onde está a doutrina do arrependimento?
         Essa questão é de suma importância para entendermos a doutrina do arrependimento. Todavia, precisamos estar atentos para um fato, muitas vezes acontecem falsos arrependimentos. D. James Kennedy nos lembra algo interessante sobre esta realidade: “O arrependimento falsificado decide que o indivíduo pode fazer algo para aproximar-se de Deus. Outro tipo de arrependimento falso empenha-se em melhorar, mas  confia unicamente em seus próprios esforços [5]
         É exatamente isto que temos visto em nossa época por meio dos tele-evangelistas, onde pregam tudo menos o verdadeiro arrependimento para a vida.
         Ora, quando não se prega o arrependimento há uma rebelião contra o ensino claro do evangelho do Senhor Jesus Cristo que exortou os seus discípulos a pregaram o arrependimento aos homens (Lucas 24.47).
         Este aspecto deve ser ressaltado de modo particular aos ministros do evangelho, isto porque muitas vezes temos a tendência de acharmos que todos os que estão na igreja são verdadeiramente homens e mulheres arrependidos; por isso, a declaração de Hodge é de suma importância neste particular: “Ele [o arrependimento] deve ser, portanto, diligentemente  proclamado do púlpito por todo o ministro do evangelho”[6].
         Esta verdade precisa ser relembrada sempre e urgentemente resgata em nossos dias. O Senhor Jesus conferiu, na Grande Comissão, o dever de seu povo anunciar o evangelho aos pecadores conforme vemos em Marcos 1.15: “dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.”; ou seja, a chegada do reino torna necessária a chamada ao arrependimento.
Conclusão: Como igreja de Cristo nós devemos de forma clara anunciar aos pecadores que existe uma solução para a vida pecaminosa que levam, e esta solução só possível mediante a graça soberana de Deus que gera o arrependimento necessário para a vida.  


[1] PLANTINGA JR, Cornelius. Não era para ser assim – Um resumo da dinâmica e natureza do pecado. Tradução:Wadislau Martins Gomes. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 7
[2] MARCARTHUR, JR., John. Sociedade sem Pecado – A Igreja aceita  o popular evangelho da auto-estima ou reconhece a terrível realidade do pecado segundo a Bíblia?. Tradução: Roselene Domingues Sant Anna da Silva. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p.9
[3] PACKER, J.I. Vocábulos de Deus. São Paulo: Editora Fiel, 2002,p.87.
[4] BARCLAY, William. Palavras Chaves do Novo Testamento – Volume I. São Paulo: Editora Vida Nova, 1985, p.69.
[5] KENNEDY, D. James. Como Posso Conhecer a Deus – Verdades transformadoras sobre o Deus imutável. Tradutor: Josué Ribeiro. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p.128.
[6] HODGE, A.A. A Confissão de Fé Comentada. Tradução: Valter Graciano Martins. São Paulo: Editora os Puritanos, 2010, p.286

3 comentários:

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  2. João li o seu artigo se não fosse crente de imediato me converteria, muito bom continue firme neste propósito de doutrina esse povo.
    Que o GRADIOSO DEUS continue te abençoado cada vez mais hoje e sempre nessa luta constante que você escolheu e abraço.

    ass.silvon

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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