sábado, 18 de fevereiro de 2012

Exposição de Tiago 5.13-20

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO.
Prof. João Ricardo Ferreira de França.
Tiago 5.13-20:  
13 Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.  14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.  15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.  16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.  17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.  18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.  19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, 20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.
Introdução:
         Esta palavra de Tiago é bem importante em nossos dias, um tempo em que as igrejas exploram o sofrimento, onde o dinheiro e a lucratividade é vista em cima da miséria alheia; temos visto na TV a teologia da prosperidade furtando o sonho dos pobres de nossas igrejas. Este ensino é odioso, ofensivo e blasfemo.
         Em nossa época é natural declarar que o sofrimento é resultado do pecado particular de alguém; ou mesmo, a falta de fé  para com Deus. Então, quando os crentes se encontram em dificuldade e sofrimentos não sabem como lidar com eles, simplesmente porque foram ensinados a pensar que se estão sofrendo é uma prova de que não são crentes.
         Digo isso, com dor no coração, mas a Teologia da Prosperidade rouba de nós a esperança na oração. Esta teologia faz com que os corações dos crentes não se entreguem a providência de Deus; e, o apóstolo aqui nos ensina como lidar com esta falsa teologia e nos apresenta como viver a verdadeira teologia na prática; isto implica que a penas uma teologia que leva em consideração a providência de Deus é digna de ocupar o púlpito e o ensino da igreja.
I- A PERSISTÊNCIA NA ORAÇÃO.
         A grande lição colocada para nós nesta seção da carta de Tiago é a persistência na oração. Nos versículos de 13-18 temos esta verdade presente. Digo isso de modo deliberado porque me parece que a igreja desaprendeu a orar, deixou de lutar no quarto secreto da oração. E Tiago aqui nos leva a pensar sobre isso. E como começa esta persistência em oração?
1. Oração e Louvor (5.13)
13 Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.
         O cristão nem sempre está por cima. Ele não é uma montanha de fé. Às vezes seu coração e sua vida são marcados pelo sofrimento. Não importa a natureza deste sofrimento pode ser físico, financeiro, espiritual e mental. Pois, o crente vez por outra sofre.
         Mas como reagir em relação ao sofrimento. Algum de nós aqui diria que deveria ir ao psiquiatra ou quem sabe ao psicólogo ou ainda algum terapeuta poderá ajudar nos sofrimento que se está enfrentando; todavia, Tiago diz que o cristão deve se refugiar na oração. Buscar forças em Deus por meio da oração.
         A solução para o sofrimento não é reunião dos 318 homens de fé; ou passar por baixo de um manto carmezim. Então, onde encontra a solução? Simplesmente está no fato de orarmos. Alguém está sofrendo? Tiago ordena a oração.
         Tiago usa um contraste gritante. Sofrimento e alegria. O crente tem atitudes singulares ante as duas faces da providência. No sofrimento o crente recorre a oração e na alegria ele rompe em louvores. Ele canta salmos a Deus. Os salmos nos lembram sempre que ambas as realidades são companheiras constantes do cristão
2. Oração é Fé (vs.14-15).
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.  15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
         Estes dois textos tem sido mal interpretados ao longo do tempo. Aqui neste texto tempos algumas verdades que precisam ser esclarecidas.
         Tiago um pastor preocupado com o seu rebanho dirige-se a um crente que está em sofrimento, e agora ele nos revela a natureza deste sofrimento.
          A enfermidade que cai sobre o corpo do crente. A doença que torna o seu corpo, sua mente e seu coração fragilizado. Seu corpo está fragilizado porque não tem forças de ir até a igreja; sua mente parece está tão ocupada em pensar no sofrimento que não vê possibilidade para a restauração; e seu coração encontra-se fragilizado porque nos parece que ele havia perdido esperança na oração.
         Qual é a atitude de um cristão que está acamado, doente, enfermo? Tiago diz “Chame seus pastores” – os presbíteros da igreja – note como Tiago coloca a responsabilidade do pastoreio e do cuidado com rebanho sobre o ombro dos presbíteros da igreja local.
         A despeito disso tudo há crentes que preferem decretar, ordenar, fazer um corrente do sal grosso, ou mesmo um copo ungido de água a ter que chamar seus pastores para orar por eles.
         Aqui nós temos o dever dos membros da igreja e a responsabilidade dos presbíteros da igreja local. È dever e responsabilidade dos presbíteros a oração pelas suas ovelhas. Tiago diz que estes devem orar por aquele que solicitou a visita.
         No versículo 15 Tiago acrescenta à função do presbítero a unção com óleo sobre o enfermo. Todavia, estaria o apóstolo nos ensinando a fazer uma unção com óleo como nos ensina a teologia da prosperidade e pentecostal de nossos dias? Não! O óleo era usado na época como medicamento se alguém estava ferido de mais tinha suas feridas limpadas com óleo Isaias 1.5-6:
Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo.  6 Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.
         O óleo era usado também para baixar a temperatura febril de alguém; então, Tiago está dizendo aos presbíteros que deveriam orar pelo enfermo, mas não se esquecer de usar os recursos médicos da época. Mas, por que Tiago se preocupa com este detalhe? É simples é porque os presbíteros sempre foram visto como pais na vida da comunidade cristã, Tiago relembra-lhes esta função.
         Notemos ainda que o foco de Tiago não é na unção, mas na oração que tem o selo de que Deus há de restaurar a saúde do que sofre. Deixa isso bem claro. Aprendemos que a igreja primitiva aqui valorizava a oração na vida cristã.
         Tiago ainda com o seu coração pastoral diz que se aquela pessoa enferma estivesse pecado contra Deus e sua palavra deveria receber uma palavra de Perdão.
         A enfermidade é resultado de algum pecado? Nem sempre, podemos considerar o caso de Jó que Deus planejou um sofrimento grande para ele; todavia, mesmo doente Jó sabia que não havia cometido pecado algum, ainda que, seus amigos achassem que sim.
         A resolução de Tiago aqui tem como objetivo fazer com que o enfermo pondere tudo no seu coração e veja se abriga ali algum caminho mau; e, assim, viva uma novidade de vida para com Deus.

3. O Poder da Oração (vs.16).
16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados.
         Por que devemos insistir e persistir em oração? A Resposta é que ela é poderosa para grandes coisas que nós com palavras e ações somos incapazes de fazer.
         O processo poderoso da oração começa quando conseguirmos confessar ao outro os nossos pecados – pecados contra o nosso irmão – e se estes pecados não são confessados, mas alimentados em nosso coração dificilmente se ouvirá uma oração dos nossos lábios em favor destes.
         Tiago insiste na oração porque esta pode realizar coisas realimente poderosas. Ela pode restaurar nossos relacionamentos com o outro; quando oramos, uns pelos outros as feridas da alma, do coração são sanadas, são curadas.
         A oração de um pelo outro expressa uma palavra que esta igreja precisa aprender e praticar: Comunhão. É disso que esta igreja precisa, comunhão. Nos preocuparmos com outro, com os problemas do outro; isso é revelado quando dispomos o nosso coração para orar pelo outro.
4. Um Exemplo de Persistência em Oração (vs.17-18)
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.  18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
         Tiago sabe que por vezes nos apoiamos em grandes heróis da fé. E por isso, cita um grande homem – o profeta Elias – mas todavia, nos lembra algo significativo este era um com os mesmos sentimentos que nós.
         A fragilidade de nossa alma, o medo das circunstâncias nos levam para baixo a ponto de não conseguir erguer os olhos aos céus e clamar a Deus; todavia, Tiago lembra que Elias também se sentiu assim. Orou a Deus por um milagre, mas depois orou novamente e Deus atendeu. Note é a persistência em oração que está em foco aqui precisamos aprender isso, Deus atenderá nossas orações, apesar de nós e de nossa fragilidade.
II – SALVANDO O DESVIADO (vs.19-20)
19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, 20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.
         Aqui Tiago ainda lida com a questão da paciência. Todavia, desta feita com a questão de um membro da igreja que se desviou. Aqui Tiago chama a responsabilidade da Igreja para se empenharem em trazer de volta aquele que saiu do seu meio.
         É prova de amor querer que outro caminho no caminho certo da vida e da piedade. Este é o tema discutido por Tiago aqui. A busca pelo que havia se desviado é de fundamental importância porque se está lidando com questões eternas. Não se devia de modo algum pensar em números quando se busca resgatar pecadores, mas deve-se pensar na eternidade da alma desta pessoa.

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