TEOLOGIA REFORMADA AO ALCANCE DE TODOS


O PRESBITERIANISMO E OS SÍMBOLOS DE FÉ.[1]
Professor: João Ricardo Ferreira de França.[2]

INTRODUÇÃO:
Temos vivido um tempo em que a verdade perdeu sentido; a relativização da verdade tornou-se algo patente em nossos dias; vivemos em um mundo que não quer mais limites, não deseja base para sustentar-se. E, infelizmente, as nossas igrejas estão indo pelo mesmo caminho. Precisamos resgatar a identidade confessional em nossas igrejas. Alguém poderia perguntar se há alguma utilidade no uso de credo e confissões na igreja? Esta pergunta advém de uma concepção totalmente pluralista e anti-confessional conforme percebemos em nossa época. Por que estamos vivendo tal crise dentro de nossa Igreja?
Porque vivemos num tempo de alta indefinição teológica um tempo onde vale a privatização das convicções. Isto quer dizer que muitas pessoas não tem compromisso com alguma coisa escrita à qual elas prestam lealdade. As pessoas querem ter as suas próprias convicções pessoais, sem darem qualquer atenção ao que foi escrito no passado pelos nossos Pais na Fé.[3]

Este é um perigo enfrentado pelas igrejas que possuem uma confissão de Fé. Pois, esta ‘indefinição’ ,conforme nos alerta o professor Heber Carlos de Campos, tem entrado dentro de nossa Igreja e minado a autoridade do sistema confessional da Igreja. Ano após ano candidatos ao Sagrado Ministério da Palavra se enfileiram nas reuniões conciliares do nossos presbitérios (denominação Presbiteriana) e juram fidelidade aos Símbolos de Fé de nossa Igreja Presbiteriana do Brasil; todavia, eles quebram o juramento adotando práticas e doutrinas contrárias aos Símbolos de Fé que juraram ensinar e praticar.
O professor Ulisses S. Horta nos lembra que um “significativo número de oficiais, especialmente pastores, assume o compromisso subscricional da ordenação portando escrúpulos quanto ao conteúdo de sua confissão”. Ele continua nos informando que:
Tais escrúpulos podem ocorrer por várias razões: desconhecimento, superficialidade, mas também por nutrição deliberada de uma convicção divergente do padrão de fé denominacional. Outro caso que incorre em dificuldade semelhante é a mudança de opinião posterior à ordenação. Nestas circunstâncias, a reserva pessoal quanto ao símbolo de fé pode vir a ser cultivada silenciosa ou abertamente. Os resultados de tal reserva serão, em ambos os casos, danosos ao desempenho do ofício, ao ministério, e à própria igreja.[4]

Esta tem sido a nossa real problemática em nossos dias. Dado a esta questão surge a necessidade deste trabalho, pois, buscamos apresentar a importância dos credos e confissões para a vida da Igreja de Cristo em nosso tempo tão conturbado.

I – A SUBSCRIÇÃO CREDAL E CONFESSIONAL NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO.
A nossa jornada nesta perspectiva deve-se iniciar com a revelação veterotestamentária. A problemática que se busca resolver é a seguinte: Será que existe alguma formulação credal no Antigo e Novo Testamentos? Havia alguma afirmação confessional na igreja vetero e neotestamentária? Esta pergunta é basilar para o entendimento adequado deste assunto. Pois, quando se apresenta objeções logo apela-se às Escrituras dizendo não haver nelas nenhuma formulação confessional. Este pensamento revela a profunda disposição em negar a importância e relevância dos credos e confissões na vida da Igreja de Cristo Jesus.

1. 1 – A Subscrição Confessional no Antigo Testamento.

No Antigo Testamento é encontra o chamado “Shemá” conforme lemos em Dt. 6.4-9:
4 Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. 5 Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. 6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; 7 E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. 8 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. 9 E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
O verbo ouvir que está no imperativo no hebraico é “[m;Þv.”- shemá –e tem o sentido de prestar atenção, significa ouvir, mas não é um mero escutar “envolve a idéia de ouvir com atenção”.[5] O texto citado acima era o primeiro a ser lido de um conjunto de leituras confessionais que carregavam a mesma tônica.
O texto de Deuteronômio tinha por objetivo apresentar as seguintes verdades:
a) Que existe apenas um Deus
b) Que este Deus merece ser amado com todo o ser
c) Que estas verdades deveriam perpetuar nas gerações posteriores.
Há também outros dois textos que nos mostram que havia um credo na Igreja veterotestamentária no ato de culto. São eles: Dt.11.13-21 e Nm 15.37-41.
O primeiro texto diz:
13 E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao SENHOR vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, 14 Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite. 15 E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás. 16 Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles; 17 E a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá. 18 Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. 19 E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; 20 E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas; 21 Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.

Aqui nós temos o desenvolvimento mais elaborado do shemá em sua aplicação ao povo da aliança indicando que a confissão de fé deve produzir resultados práticos; estes resultados são evidentes, pois, nasce tudo de uma obediência aos mandamentos de Yhaweh, o Deus pactual. Nesta confissão estão inseridas as crenças necessárias à existência do povo da aliança; e não apenas isso, mas incluem-se uma metodologia de pedagogia na qual tal ensino confessional pode ser transmitido, tendo a família como alvo desta transmissão.O outro texto que temos é Números 15.37-41:
37 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 38 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão de azul. 39 E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo. 40 Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sejais a vosso Deus. 41 Eu sou o SENHOR vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o SENHOR vosso Deus.

Diante destes textos nós podemos confirmar que a confissão de fé fazia parte da vida litúrgica do povo pactual. Este “Shemá” era o credo do povo, somos informados que o “shemá era repetido três vezes ao dia”[6] pelo povo do pacto; também somos cientes de que este credo judeu era usado liturgicamente na sinagoga[7]

1.2 - A Subscrição Confessional no Novo Testamento.

No Novo Testamento o conceito de confessionalidade é mais presente e bem definido. Isto significa que a Igreja sempre elaborou o seu conjunto de doutrinas a partir da revelação de Deus.No texto neotestamentário lidamos com um grande material que trata da existência de um grupo de verdades a serem cridas e obedecidas.
Estas verdades são conhecidas como “Tradições” que no grego é “paradosis”, este vocábulo significa “transmitir”, “entregar”, “tradição”. A palavra é formada de uma proposição grega “Para” que indica “junto a”, “ao lado de” mais o verbo “didomi” que de acordo com ocontexto tem uma gama de significados “dar”, “trazer”, “conceder”, “causar”, “colocar”. Este conceito é percebido pelos texto bíblicos de 2 Ts. 2.15: “Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.”.
Este aspecto confessional consistia, no Novo Testamento, na transmissão dos ensinos de Cristo e dos apóstolos por meio dos sermões e escritos (cartas), sendo orientações quanto ao comportamento. Todavia, toda tradição que entrava em choque com a Palavra de Deus deveria ser rejeitada.[8]
Diante disso, devemos ter em mente que a tradição “é uma boa palavra em si mesma [...]. Graças à tradição, as pessoas se salvam da tirania do momento e transcendem o tempo”[9]. Isto significa que na preservação da tradição recebida não somos feitos meninos levados por todo e qualquer vento de doutrina (Ef.4.14).
A tradição ou conjunto de verdades recebidas pela Igreja de Cristo tem sido descrita de diversas formas nas Escrituras:
Doutrina dos apóstolos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (Atos.2.42).

Palavra da vida: reservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.”(Fp. 2.16).
Forma de doutrina: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues;”(Gl.6.6)
Sã Palavras: “conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus.” 2 Timóteo 1.13-14

II – A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL E A SUA RELAÇÃO COM OS SIMBOLOS DE FÉ DE WESTMINSTER

2. 1 – Do Ponto de vista Histórico:

A Igreja Presbiteriana do Brasil teve os seus primeiros passos para uma orgnaização eclesiástica quando o jovem pastor Ashbel Green Simonton “desembarcou no Brasil no dia 12 de agosto de 1859”[10], embora, sabemos que o presbiterianismo iniciou de fato de verdade no dia 22/04/1960 com uma escola dominical[11]. Todavia, a data e o ano de agosto tem prevalecido no presbiterianismo brasileiro.
Historicamente a Igreja presbiteriana do Brasil parece ter uma afinidade de defesa para com os símbolos de fé. Embora, o calvinismo trazido por Simonton seja de certa forma modificado pelo ponto de vista do avivalismo, é o calvinismo confessional de Westminster com relação a sua subcrição que está em foco aqui.
Na ordenação do primeiro pastor nacional Manoel José da Conceição “declarou aceitar a Confissão de Fé de Westminster e a forma de Governo da Igreja Presbiteriana”[12].  
Simonton ao abrir a Escola Dominical passou a ensinar o Catecismo. E o texto que ele costumava a usar eram: a Bíblia, O Catecismo de História Sagrada e o Progresso do Peregrino”[13]. E tinha a prática de uma vez por mês de pregar fazendo exposição de uma pergunta do breve catecismo Westminster . E o seu objetivo era de “preparar os crentes para defender-se dos ataques incrédulos”. Por isso, ele mesmo declarou: “estou fazendo o que está em mim para gravar este catecismo na memória de todos”[14]. A Igreja Presbiteriana do Brasil sempre ensinou e defendeu os símbolos de fé de Westminster como padrões confessionais da Igreja.

2.2 – Do Ponto de Vista Doutrinário.

Como Igreja estabelecida adotamos os símbolos de fé: Confissão, Breve Catecismo e Catecismo Maior de Westminster. Isto significa que doutrinariamente temos uma identidade. Isto é tão certo que algumas doutrinas são peculiares a nós presbiterianos. Do ponto de vista da doutrina nós cremos:

1.   Na Suficiência, autoridade e infalibilidade das Escrituras: No capítulo 1 de nossa Confissão somos ensinados que:
 foi servido ao Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar àquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Sagrada Escritura indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo. (WESTMINSTER, Cp. 1 Seção 1 – ênfase nossa)

No presbiterianismo não há lugar para revelações, pois, entende-se que aqueles antigos modos de Deus se revelar ao seu povo há muito tempo cessaram. Então, é inadmissível uma Igreja Presbiteriana com práticas de novas revelações, línguas profecias. Isto é negar a plenitude da revelação trazida por Cristo por meio de sua palavra, conforme nos ensina Hebreus 1.1-2: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”

2. Na Soberania de Deus: Como presbiterianos confessionais devemos acreditar na soberania de Deus no que respeita os seus decretos absolutos sobre este mundo. A nossa Igreja crê e confessa a doutrina da Predestinação, eleição e reprovação; isto significa que o verdadeiro presbiteriano não acredita no livre-arbítrio do homem, mas crê que o homem está escravizado pelo pecado, e limitado pelo decreto absoluto de Deus em tudo o que faz em sua vida; ou seja, ele é morto espiritual, escravo do pecado, e age de conformidade com o projeto de Deus desde toda a eternidade. A nossa Confissão no terceiro capítulo 3 nos ensina:
Pelo decreto de Deus e para manifestação de sua glória, alguns homens e alguns anjos são assim predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna. Esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser aumentado ou diminuído. (WESTMINSTER, Cp.3, seções 3-4)

Isto significa que não há necessidade de teatros, de shows no culto para atrair pecadores para o reino, pois, apenas os eleitos hão de ser salvos, e o método bíblico de evangelismo é a proclamação do evangelho de Deus. Alguns textos nos ajudam a compreender este assunto: “conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade.”( 1 Timóteo 5.21) e Rm. 9.22-23; 2 Tm. 2.19.

3. No Batismo Infantil: É peculiar ao presbiterianismo confessar e defender o Batismo Infantil. Membros de Igrejas anti-pedobatistas ( contrárias ao Batismo Infantil ) quando nos conhecem como Presbiterianos logo tecem comentários negativos à prática bíblica do Batismo infantil; se somos presbiterianos somos defensores do Batismo Infantil conforme temos em nossa Confissão de Fé no capítulo 28 seção4. “não somente os que professam a fé em Cristo, mas também os seus filhos devem ser batizados”.
Esta é a nossa posição confessional sobre as crianças. Elas devem ser batizadas; é com tristeza que dizemos isso, mas muitos membros de nossas igreja não trazem seus bebês ao batismo sugerindo que esta doutrina é católica romana, mas não é, esta verdade é Bíblica fundamenta na teologia do pacto de Deus com Abraão (Gn.17.9-14) e confirmada por Paulo em Col.2.11-13.
2.3 – Do Ponto de Vista Constitucional.

A Igreja Presbiteriana tem identidade com os símbolos de fé de Westminster também do ponto de vista da sua constituição. No capítulo 1 da Constituição da IPB e no artigo 1: somos informados que a nossa Igreja é “uma federação de igrejas locais” , isto significa que não deve haver divergências entre as igrejas que estão nesta federação. A federatividade deve promover a unidade.
Mas ainda neste artigo 1 somos informados que a Igreja adota:
a. A sagrada Escritura como única regra de fé e prática (Antigo e o Velho Testamento): isto implica que na constituição assume-se o conceito de suficiência das Escrituras e Autoridade das mesmas.
b. E como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve.
Então, é inaceitável que muitos membros da nossa Igreja não queriam se submeter à autoridade e suficiência das Escrituras; e, que estes também não aceitem ou subscrevam os nossos símbolos de fé.
Os membros da Igreja deveriam pensar duas vezes antes de jogar fora os símbolos de fé. Para quê eles servem? Servem como muros que limitam, orientam e nos dão liberdade. Limitam quanto a abraçar toda e qualquer heresia; orientam qual o caminho correto tomar e oferecem a liberdade de pensar alicerçados em suas bases.
A constituição de nossa Igreja é mais severa para com os oficiais da Igreja. Especialmente os presbíteros docentes e regentes. Vocês tem a responsabilidade de zelar pela boa doutrina. E como podem fazer isso? Sustentando e defendendo a Confissão de Fé de Westmisnter. Pois, os símbolos de fé são a exposição das doutrinas de nossa Igreja.
No artigo 114 de nossa constituição há um alerta significativo para a ordenação de oficiais: “só poderá ser ordenado e instalado quem, depois de instruído, aceitar a doutrina, o governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil[...]”
Ao seminarista é outorgado a ele que, no final do curso, perante ao presbitério apresente uma tese – monografia – baseada em um capítulo ou seção da Confissão de Fé de Westminster conforme lemos no artigo 120 alínea b de nossa Constituição. Então, senhores e senhoras aqui presente, estamos diante de um desafio.
È um desafio à fidelidade. Os pastores e presbíteros de nossas Igrejas devem fazer valer os seus votos de ordenação. Pois, todos eles juraram ou jurarão que irão ensinar e defender as doutrinas que se encontram nos símbolos de fé; todavia, o que temos visto é que muitos deles chegam a fazer o juramento sem conhecer o conteúdo dos símbolos de fé, nunca leram os símbolos de fé; outros já abandonaram os símbolos de fé de Westminster.
Poderão ser depostos de seus ofícios por quebrar os votos de ordenação. Então, se há alguém aqui nesta noite que não conhece, que não concorda com nenhum ponto de nossa Confissão de Fé  lhe aconselho a pedir para ser exonerado do ofício, pois, não há algo tão terrível para a igreja de Cristo do que um líder que é infiel ao seu ofício. Que Deus nos ajude! Amém!.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1980.
COSTA, Herminsten Maia Pereira da. Teologia do Culto, São Paulo: PES, 1999.
_______, Eu crio – No Pai, no Filho e no Espírito Santo, São Paulo: Parakletos, 2002.
_______, A Inspiração e Inerrância das Escrituras – Uma Perspectiva Reformada, São Paulo: Cultura Cristã,1998.
LEITH, John. A Tradição Reformada – Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real,1996.
MANUAL PRESBITERIANO, São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
MARCARTHUR, JR., John. Os Carismáticos – Um Panorama Doutrinário, São Paulo: FIEL, 2002.
REVISTA OS PURITANOS – Confessando a Nossa Fé, Ano VI – Número 3 – julho a setembro, São Paulo: 1998.
ROBERTSON, O. Palmer. A Palavra Final – Resposta Bíblica à Questão das Línguas e Profecias Hoje, São Paulo: Os Puritanos, 1999
SIMÕES, Ulisses Horta. A Subscrição Confessional – Necessidade, Relevância e Extensão. Belo Horizonte: Efrata Publicações e Distribuição, 2002, p. 12-13

SPURGEON, Charles. A Maior Luta do Mundo, São Paulo: FIEL, 2006.
SCHWERTLEY, Braian M. Sola Scriptura e o Princípio Regulador do Culto, São Paulo: Os Puritanos: 2001.
UNTERMAN, Alan. Dicionário Judaico de Lendas e Tradições. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992, p.242.





[1] Palestra proferida na 2ª Conferência Reformada na Igreja Presbiteriana em Ouro Preto – Olinda – PE . Tema Geral: Presbiterianismo – Doutrina e Identidade. Data desta Palestra: 22/10/2009.
[2] O autor é formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte. E Professor do Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil.
[3] CAMPOS, Heber C. In: SIMÕES, Ulisses Horta. A Subscrição Confessional – Necessidade, Relevância e Extensão. Belo Horizonte: Efrata Publicações e Distribuição, 2002, p. 12-13
[4] SIMÕES, Ulisses Horta. A Subscrição Confessional – Necessidade, Relevância e Extensão, p. 15-16.

[5] AUSTEL, Hermann J. Shãma’ In: HARRIS, R.L. ed. Theological Wordbook of the Old Testament, 2a ed., Chicago: Moody Press, 1981, Vol. 2, pp.938-939.

[6] UNTERMAN, Alan. Dicionário Judaico de Lendas e Tradições. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992, p.242.
[7] COSTA, Herminsten Maia Pereira da. Teologia do Culto, p.19.


[8] BÜCHSEL IN: KITTEL, 1983, vol.2, pp.172-173
[9] LEITH, John. A Tradição Reformada – Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real,1996, p.29
[10] LEITH, John. A Tradição Reformada – Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real,1996. p. 84
[11] COSTA, Herminsten Maia Pereira da. Eu crio – No Pai, no Filho e no Espírito Santo, São Paulo: Parakletos, 2002. p.58
[12] Ibid, p.64
[13] Ibid, p. 65
[14] Ibid , p.67

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Prof. João Ricardo Ferreira de França.
SÍNTESE DOS CINCO PONTOS DO CALVINISMO:
Contexto Histórico: Na Holanda nos anos de 1600 a Igreja Reformada - uma igreja presbiteriana - sofreu uma crise dentro dela, pois, havia um pastor na igreja que estava ensinando doutrinas contrárias às confissões adotadas pela Igreja Reformada. O nome deste homem era Tiago Armínio, este teólogo passou a negar a SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO DOS HOMENS. Após, a sua morte os seus alunos criaram um protesto - chamado de A Remonstrance - e formularam os cinco pontos do arminianismo ( recebeu esse nome em homenagem ao Tiago Armínio), neste protesto este grupo queria que as doutrinas da Igreja Presbiteriana da Holana - conhecida como Igreja Reformada - fossem alteradas. Os Arminianos sustentam cinco idéias:
1 – O homem tem livre-arbítrio; 2 – Deus escolhe prevendo a fé dos homens; 3 – Jesus morreu para salvar cada pessoa deste mundo; 4 – O homem pode resistir ao chamado do Espírito Santo para a salvação; 5 – A salvação pode ser perdida.
Essas eram as formulações que os arminianos - discípulos de Tiago Arminíos - queriam implantar dentro da Igreja Reformada da Holanda ( Igreja Presbiteriana). A nossa Igreja naquele País decidiu formular um Sínodo na cidade de Dort, nos anos de 1618-1619, para estudar a questão, e no final ficou decidido que a igreja continuaria com as doutrinas esposadas em suas confissões e catecismos, e assim, formularam a resposta aos arminianos em cinco proposições que ficaram conhecidas como os Cinco Pontos do Calvinismo. E usaram o nome TULIP – NOME DE UMA ROSA DA SUIÇA. Para facilitar o entendimento dessas doutrinas:
1 - Total Depravação do homem.
2 – Uma Eleição Incondicional.
3 – Limitada Expiação.
4 – Irresistível Graça
5 – Perseverança dos Santos.
Breve Exposição dos Cinco Pontos do Calvinismo:
 1 - Total Depravação do homem: o homem é escravo do pecado não tendo liberdade para aceitar a Jesus, ou seja, ele não tem livre-arbitrio: Por quê?
a)      Ele está morto: Efésios 2.1-3.
b)      Nasce no pecado: Salmos 51.5
c)      Nasce desviado: Salmos 58.3.
d)      Tem um coração enganoso: Jeremias 17.9.
e)      Só sabe fazer o que é mal: Jeremias 13.23.
f)       Está mergulhado no pecado: Romanos 3.9-18.
2 – Uma Eleição Incondicional: Deus antes que mundo fosse criado decidiu escolher da humanidade pecaminosa quem ele iria salvar; a escolha de Deus não se baseia em fé prevista, mas unicamente na sua Vontade Soberana em escolher a quem quer salvar. Por quê?
a)      Jesus chama os salvos de eleitos: Mateus 24.24,31; Marcos 13.20.
b)      A Bíblia afirma a predestinação: Efésios 1.3-5; Romanos 8.33; Colossenses 3.12; 2 Tessalonicenses 2.13; 2 Timóteo 2.10 – note as expressões: eleitos, predestinados.
3 – Limitada Expiação: Jesus morreu na cruz do calvário para salvar apenas os eleitos de Deus; por quê?
a)      Jesus morreu em lugar de “muitos” e não de “todos”
Mateus tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
Hebreus assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.”
b)      Os “muitos”, em lugar dos quais Jesus morreu, são o “seu povo”, as “suas ovelhas”, a “sua igreja”,  “os eleitos”. Mateus Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.”João 10.11,14,15: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.” Atos Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.” Efésios Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. Romanos 8.33,34: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.”.
4 – Irresistível Graça: O Espírito Santo atraí os eleitos para Cristo, regenerando os seus corações de forma tal que eles não podem resistir a ação soberana do Espírito de Deus. Por quê?
a)      O homem é incapaz de vir a cristo por si só: João 6.44.
b)      A regeneração é obra do Espírito Santo: João 1.12-13; 3.3;
c)      O Espírito abre o coração do pecador: atos 16.14.
5 – Perseverança dos Santos: Os eleitos jamais caem total e finalmente do estado de graça no qual foram chamados. Ou seja, a salvação não se perde. Por quê?
a)      Deus completará a obra da redenção: Filipenses 1.6
b)      As ovelhas de Cristo têm VIDA ETERNA: João 10.27-30.
c)      Nada pode separar os eleitos do amor de Deus: Romanos 8.33-39.

Os Cinco Solas da Reforma:
Rev. João Ricardo Ferreira de França
Introdução:
Vamos começar esta noite lendo Efésios capítulo 2.8-10: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de”
Nós temos ouvido muito sobre a grandeza de Deus, Deus é exaltado! Os céus não podem contê-lo, e a terra é o estado dos seus pés! No século 18 havia um jovem rapaz que recebeu uma visita do grande presbiteriano galês George Wittifield – pregador ao livre – quando estava morrendo, então, Deus em sua soberana vontade usou esta visita para converter o coração deste menino ao evangelho. Os pais deste menino ficaram espantados ao ver que seu filho estava tão disposto a morrer e o pai, que era descrente, falou: “Por que você não quer ficar conosco? Por que Você quer ir ao céu?” E o menino respondeu: “Porque eu quero ficar perto do Grande Deus do Senhor Wittefield”.
            Quando abordamos a questão do calvinismo doutrinário (o sistema de doutrina de nossa Igreja) devemos entender que o calvinismo, mais do que qualquer outro ramo do cristianismo, nos coloca face a face com a grandeza e a glória de Deus! E existe várias maneira de abordamos estas doutrinas do calvinismo. E esta noite quero usar estes cinco solas como uma estrutura.
I – SOLA SCRIPTURA: A VOX DEI.
            O primeiro Sola é o Sola Scriptura já no final da idade medieval homens com John Winclife e John Russ estavam proclamando que era necessário retornar para as Escrituras quando os sacerdotes do catolicismo romano enfrentaram John Russ com suas crenças, Russ dizia repetidamente: “me mostre nas Escrituras e eu vou me arrepender”. Martinho Lutero mais tarde iria dizer que aprendeu esta doutrina de Sola Scriptura de John Russ, então, o Sola Scriptura se tornou o principio no qual toda a Reforma se baseou. Desde o principio os protestantes sempre ensinaram que a Escritura deve governar como a Palavra autoritativa de Deus na Igreja.
            Calvino enfatizou o fato de que a autoridade das Escrituras é absoluta e não derivada. Calvino disse que as Escrituras são a Palavra de Deus e a Voz de Deus! As Escrituras tem tanta autoridade que é como se fosse Deus falando diretamente conosco. Então, toda a autoridade do Papa e da Igreja, autoridade civil deve se sujeitar à Palavra de Deus.
            Além do mais os reformadores ensinaram que a autoridade da Palavra de Deus é exaustiva. Pois, toda Palavra das Escrituras é “infalível” toda palavra foi “expirada” pelo Deus vivo e podemos encontrar isso em 2 Timóteo 3.16-17: “16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,  17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
            Calvino disse: “Tenho aprendido que somente devo ter as Escrituras como infalíveis e inerrantes”. Então, os reformadores desenvolveram o lema: Sola e Tota Scriptura, então nós, nos baseamos, somente nos fundamentamos nas Escrituras, mas as Escrituras são suficientes elas são total para abordarmos todas as coisas para a nossa vida cristã.  Por que devemos ter este alto conceito a respeito das Escrituras. Bem, a resposta encontra-se no fato de que ela a Bíblia é a pedra de toque de todo e qualquer ensino veja o que diz o salmista no Salmo 19.7-11:
7.A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.  8 Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos.  9 O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente, justos.  10 São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.  11 Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa.
            Aqui neste Salmo temos as características e os efeitos da Palavra de Deus. Isto é pertinente, porque às vezes esquecemo-nos de enfatizar aquilo que a Palavra de Deus opera em nós.
1. Primeira Característica da Palavra de Deus – sua perfeição: No versículo 7 o salmista diz: “A lei do SENHOR”. Considera um momento este vocábulo lei – no hebraico temos a palavra Thoráh. O termo significa “instrução”, “ensino”, “ensino para a vida”. Agora note que o salmista diz que a lei é “do SENHOR” no hebraico Yahweh  aqui aprendemos que a Lei procede de Deus – o SENHOR  pactual – aquele que entra em aliança com seu povo; então, uma vez que esta Palavra procede de Deus ela é necessariamente perfeita. O adjetivo “perfeito” que aparece aqui no texto é themimah que signfica “completa”, “sem falhas”, “sem defeitos” – ou seja, a Palavra de Deus é suficiente, por isso, devemos ecoar com a Reforma “somente as Escrituras”.
2. A segunda Característica da Palavra de Deus – é a Fidelidade: observe também que o salmista declara que “o testemunho do SENHOR é fiel” (vs.7.b) – notemos que o autor usa a palavra “testemunho”–‘eduth – como sinônimo para a palavra Lei; mas ele fala da fidelidade deste testemunho, aqui este vocábulo ‘fiel’ no hebraico é neemanah – que pode ser traduzido por “verdadeiros”, e o sentido aqui é dignos de confiança, implica na fidedignidade da Palavra de Deus como ela se revela.
3. A terceira Característica da Palavra de Deus – é a retidão: o salmista diz que a Lei de Deus é reta (vs.8). Ou seja, ausentes de erros, isto implica na inerrância da Lei de Deus.
4. A quarta característica da Palavra de Deus – é a Pureza: A lei de Deus é pura. Não há nela a mistura de erro e verdade, as Escrituras do Antigo e Novo Testamento possuem uma pureza intrínseca barah – aqui indica sem manchas.
            Mas, estas características vem acompanhadas de resultados significativos que a Palavra de Deus produz na vida do povo do pacto. Note como isso é colocado para nós:
1 – A Lei de Deus “restaura a alma” - meshibath- indicando aqui a regeneração, a produção de uma nova vida. A Palavra de Deus modifica vidas, modifica pessoas. Ela realmente restaura a alma, a palavra “nephesh” aqui é indica à pessoa completa – toda a alma, todo o ser, toda a vida – apenas a palavra e somente a palavra com a ação do Espírito Santo é quem pode modificar as vidas.
2 – A lei de Deus  “dá sabedoria aos simplices”(vs.7b) - “mahikimath” esta é uma palavra que deriva do vocábulo “hokemah” indica que a Palavra de Deus não visa produzir conhecimento especulativo, o uso desta palavra aqui aponta para o fato de um conhecimento prático, experimental, vivencial com Deus. A Escritura deve produzir um conhecimento que nos leve a cairmos em humilhação diante de Deus; este é o verdadeiro sentido da sabedoria que a Lei produz. Por isso, que esta sabedoria é destinada os símplices = aos humildes.
3. Lei de Deus “Alegra o coração” (vs.8b) - “meshamehi-lev” aqui é uma palavra só. E indica que a Palavra de Deus provoca uma grande e exultante alegria ao nosso coração. Somente a Escritura pode operar em nós a alegria que precisamos para viver como povo pactual.
4. A Lei de Deus “ilumina os olhos” (vs.8b) - ’irath ‘inaim – traz luz aos olhos que estavam em trevas. É exatamente isto que a Escritura traz aos homens.

II – SOLA GRATIA:
O segundo lema da Reforma Protestante foi Sola Gratia – somente a graça! A questão aqui era: será que o homem participa de seu perdão dos pecados? Ou será que Deus dá iniciou ou completa o perdão? Em outras palavras, a salvação é obra de Deus ou é obra dos homens? O humanista da idade medieval Erasmo de Roterdã, ensinou que a salvação era parcialmente pela graça e parcialmente pelas obras – semi-pelagianismo – então, Lutero respondeu a Erasmo com o seu livro clássico: “A Escravidão da Vontade” – Nascido Escravo em português – aqui Lutero ensinou que o pecador não tem condição de salvar a si mesmo.
Lutero disse que a única forma de vencer o sistema católico romano, e de indulgências, e toda forma de esforço humano na salvação. Está na antítese entre a Livre Graça e o Livre-Arbítrio. A tensão principal está aqui: O livre-arbítrio contra a livre-graça de Deus.
A definição mais comum de graça é o “favor imerecido de Deus”, mas isto não alcança suficientemente o que o termo quer dizer; pois, graça é o favor de Deus sendo colocado sobre os pecadores que merecem o inferno. A graça não nos acha neutros para com Deus e depois nos concede bondade, mas a graça nos acha como pecadores, ingratos, rebeldes e sem condições de salvarmos a nós mesmos. Então, quando dizemos Sola Gratia queremos dizer que o supremo Deus de todo o céu e de toda a terra, Yahweh Soberano e Trino, ele de uma forma soberana e livre aplica a graça salvifíca a pecadores culpados e merecedores do inferno.
Agora a Teologia Reformada nos ensina que se nós experimentarmos este tipo de graça, nós vamos ver e perceber que se não for livre e soberana, em outras palavras se Deus tem que nos dá essa graça por causa de alguma coisa que ele achou em nós, então, nós seremos perdidos para sempre; toda a causa de nossa salvação nós achamos fora de nós, Isto é, achamos em o nosso Senhor Jesus Cristo.
Note o que Paulo diz: “sois salvos pela graça” (Efésios 2.8), esta graça acaba com o nosso orgulho, esta graça nos envergonha, nos humilha; por natureza nós queremos ser o sujeito da salvação e não o objeto da salvação. Nós queremos ser ativos na regeneração e não passivos. Tem algo em nossa natureza que se rebela contra a graça soberana; mas, nesta graça soberana Deus nos mostra quem somos como pecadores, ele quebra o nosso orgulho, a nossa vergonha; ele nos ensina como podemos nos deleitar em uma salvação que é completamente por causa da graça somente de Deus. Nós temos aprendido pela Escritura que a Graça faz tudo por nós!
1) A Graça nos chama da morte para a vida: Gálatas 1.15: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve” 
2) A Graça nos Regenera: Romanos 9.16 – “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.
3) A Graça nos justifica: “Romanos 3.24: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
4) A Graça nos santifica e nos preserva: “a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.” A graça nos dá tudo! Vivemos pela graça de Deus! A graça que restaura!
III – SOLA FIDE: SOMENTE A FÉ.
O conceito de somente a fé envolveu mais uma luta de Lutero. Ele chegou a esta verdade quando leu Romanos 1.17: “visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” Ele foi iluminado pela graça de Deus, ele percebeu que a justiça de Deus não algo que estava perseguindo ele para puni-lo, mas pela profunda misericórdia de Deus esta justiça era a salvação dele. Quando ele estava recebendo esta justiça no Senhor Jesus Cristo pela fé. E, então, Lutero escreveu: “Quando eu entendi que Ele me justificou pela fé e me senti como se estivesse entrando pelos portões celestes do paraíso”.
A justificação pela fé somente nos méritos de Cristo é o coração do evangelho. Lutero disse que já que nós não temos uma justiça natural, nós precisamos de uma justiça que vem de fora de nós. E, é esta justiça que cristo tem providenciado a nós pecadores.
Isto nos leva para implicações do que isto significa, pois, existem duas coisas que precisamos fazer para receber esta justiça.
1. Devemos ter perfeita obediência a Lei de Deus: “A alma que pecar ela morrerá”.
2. Devemos satisfazer a justiça da Lei de Deus por causa do pecado: ou seja, como pecadores nós devemos ter uma justiça que aplaque a ira de Deus; todavia, nem eu e nem você tem poder algum para satisfazer estas duas exigências. Isto porque nós somos pessoas – homens e mulheres – que quebram a Lei de Deus sempre. Todos nós caímos e não alcançamos a glória de Deus! E nem temos condições de satisfazer a justiça de Deus, porque os nossos pecados exigem a nossa morte eterna! Clamam contra nós dizendo que somos merecedores do inferno. Culpados! Gritam os nossos pecados ante a nossa face pecadora!
A mensagem da Reforma foi que o nosso Senhor Jesus veio fazer por nós aquilo éramos incapazes de fazer. O nosso Senhor Jesus em toda a sua existência cumpriu toda a Lei de Deus em nosso favor, nada falhou em guardar, não desprezou nenhum mandamento de Deus. Esta obediência de Cristo é conhecida como obediência ativa – ele deliberadamente obedecia a Lei de Deus – e transfere essa justiça para nós pecadores.
Na sua obediência passiva Cristo se colocou sob a Lei, sob o sofrimento ele sofreu por pecadores como eu e você, e nós somos os mais terríveis dos pecadores! Ele satisfez plenamente a ira de Deus que deveria ser despejada sobre cada de vocês aqui presente nesta noite! Todo o inferno que os eleitos de Deus, incluindo a mim e a você, o Pai fez cair sobre o seu Filho Jesus Cristo. Ele fez isso na cruz do calvário! Ele faz tudo isso, e ainda coloca a fé em nosso coração para que possamos nos apropriar da justificação pela fé somente!
IV – SOLUS CHRISTUS: SOMENTE CRISTO!
Isto nos leva para este quarto aspecto da teologia da Reforma - Solus Christus – Somente Cristo. Aqui nos temos o autor de nossa salvação. Aqui nós temos a centralidade de nosso Senhor Jesus Cristo na salvação dos pecadores. Esta é a marca da Fé Reformada, da fé bíblica dos ensinos que encontramos em toda a Palavra de Deus. A Fé Reformada se focaliza no nosso Senhor Jesus Cristo. Isto significa que Cristo é o único caminho à salvação, para todos os que foram que são ou serão salvos.
Quem procura outro caminho que não seja Cristo é um perdido sem direção. A Fé bíblica sempre ensina – Solus Christus – Somente Cristo. Meus irmãos deveram aprender a viver por Jesus Cristo somente!
Se você é um verdadeiro filho ou filha de Deus Cristo será tudo para você. Você encontrará a redenção em seu salvador que é completamente lindo, que é soberano, que é eficaz. É isso que aprendemos em Atos 4.12: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” – Cristo é o único onde o homem pode encontrar a salvação, somente Cristo e não os santos. Nada de Maria, de Paulo, de José ou qualquer outro nome nós encontramos a redenção para as nossas vidas – Cristo somente, Somente Cristo este é o nosso lema.
V – SOLI DEO GLORIA: SOMENTE A DEUS TODA GLÓRIA.
Chegamos agora ao último aspecto da Reforma Protestante – soli Deo Gloria – somente a Deus toda Glória. O grande objetivo de Deus é glorificar a si mesmo, por meio de tudo o que ele mesmo criou, por meio de tudo que ele trouxe à existência! A glória de Deus torna Deus glorioso! É exatamente isso que vemos em Isaías 6.2-3: “Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.”  Até a condenação dos ímpios será para a glória de Deus, mas Deus é glorificado de um modo especial na salvação dos seus eleitos.
Vivemos para a glória de Deus esta é a resposta à primeira pergunta de nosso catecismo – “o fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus” – viver neste mundo onde somente a Deus seja dada toda a glória! É o lema desta igreja, é o lema de nossas vidas, é o lema da Reforma.
O calvinista ou reformado é aquele que tem o seu coração, sua vida, seu tempo suas amizades dedicadas a Deus. Tudo é para Deus. O propósito de nossa vida é viver para a glória de Deus isto porque é o que lemos na Palavra de Deus “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10.31) e ainda: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”(Romanos 11.33).




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