domingo, 23 de outubro de 2011

DA JUSTIFICAÇÃO - SEGUNDA PARTE

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Estudos na Confissão de Fé de Westminster.
Professor Rev. João Ricardo Ferreira de França.
DA JUSTIFICAÇÃO. – CAPÍTULO 11.
Seção II: A fé, assim recebendo e assim repousando em Cristo e em sua justiça, é o único instrumento da justificação; ela, contudo, não está sozinha na pessoa justificada, mas é sempre acompanhada de todas as demais graças salvíficas; não é uma fé morta, mas que age através do amor.
Introdução:
         Chegamos a mais uma exposição da nossa confissão de Fé. O nosso estudo se concentrará na temática da relação entre a Fé e a Justificação, pois, em nossos dias este tópico precisa de um esclarecimento mais aguçado.
         Em muitas igrejas temos visto a ênfase na fé como sendo aquilo que salva o homem, ou seja, a base de toda a salvação; ora, não é isto que ensina a Palavra de Deus. A palavra de Deus nos ensina de forma clara que a fé não a base para receber a justificação; mas que é apenas um instrumento para que a justificação seja uma realidade na vida do pecador. Vejamos o que podemos aprender desta seção da Confissão de Fé de Westminster.
I – A DUPLA AÇÃO DA FÉ.
         Em relação à obra redentiva a fé possui uma dupla ação conforme vemos na declaração dos teólogos de Westminster “A fé, assim recebendo e assim repousando em Cristo e em sua justiça”, aqui temos de forma clara o que é de fato a ação da fé salvadora:
1.1        – A fé recebe a Cristo e a sua justiça: o ato de receber a Cristo não significa atividade do homem, mas a passividade da fé em aceitar gratuitamente o seu redentor. A fé assemelha-se a mão do pedinte que estende vazia para Deus esperando dele a graça que há em Cristo. O Apóstolo João vai nos dizer exatamente isso no seu evangelho capítulo 1.12
1.2        A fé  repousa em Cristo: O segundo aspecto da fé salvadora é que ela repousa inteiramente em Cristo Jesus. Ou seja, ela não descansa em si mesma – não é fé na fé, mas em Cristo Jesus. Observamos que a fé não é à base da justificação, mas é a pessoa de Cristo. Conforme aprendemos em Romanos 3.24-28; ou seja, não há obras praticadas por nós, existe apenas a obra de Cristo!
II – A FÉ É O ÚNICO INSTRUMENTO DA JUSTIFICAÇÃO.
                   Precisamos saber que a fé é o único instrumento de nossa justificação perante Deus. Este é ponto que muitos ignoram e acabam tornando a fé como sendo a base da justificação. Isso é bem ilustrado em Romanos 5.1. Paulo neste texto nos mostra que somos justificados por meio da fé, e assim, a nossa relação com Deus está em perfeita harmonia graças ao sacrifício expiatório [ morte substitutiva de Cristo na Cruz do calvário ].
                   Os homens só podem ser declarados justos quando Cristo se torna o objeto da fé desse homem, em outras palavras, a justiça de Cristo vem a nós por causa da fé que é um instrumento – é um meio pelo qual nos apropriando da justificação, e não podemos ignorar o fato de que a fé é um dom de Deus – isso implica que nada vem de nós tudo vem da graça de Deus.
III – A FÉ SEMPRE VEM ACOMPANHADA DE OUTRAS GRAÇAS SALVADORAS.
A Confissão de Fé reconhece que fé nunca está “sozinha na pessoa justificada, mas é sempre acompanhada de outras graças salvíficas”, sendo uma fé operosa. E como se dá isso?
3.1 – É fé que nos leva a prática de boas obras: Uma vez que a fé já habita no coração da pessoa justificada – que foi perdoada por Deus – então, esta pessoa viverá uma vida que pratica a boas obras conforme nos exige o evangelho de Jesus Cristo conforme lemos em Tiago 2.17,22,26 – se assim, não se proceder implica dizer que esta fé não existe na vida daquela que a professa, ou seja, na vida prática tal pessoa está dizendo que não é genuinamente um cristão.
3.2 – É uma fé que age motivada pelo amor: uma vez que o eleito é chamado e justificado ele deve de fato agir pelo amor, evitando tudo aquilo que busca ferir o outro, ou mesmo, que macula o evangelho, tal com acepção, e descriminação – pois, o amor deve governar a fé da igreja de forma suprema isso nós aprendemos em Gálatas 5.6. 




domingo, 9 de outubro de 2011

DA JUSTIFICAÇÃO - PRIMEIRA PARTE

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Estudos na Confissão de Fé de Westminster.
Professor Rev. João Ricardo Ferreira de França.
DA JUSTIFICAÇÃO. – CAPÍTULO 11.
Introdução:  Em nossos dias a doutrina da tornou-se algo irrelevante. Parece que ouvimos os mesmos lemas do passado. “Nenhum credo, somente Cristo”. Alguns crentes chegam a dizer: “Não precisamos viver, por nenhum dogma! Abaixo os dogmas, e chega das doutrinas! Uma rejeição total das Doutrinas, dos dogmas da Igreja.  Esta é uma das explicações porque a igreja cristã é tão superficial em levar o evangelho aos perdidos. A igreja tem abandonado  a própria fé.
         Isso nos faz lembrar as palavras de Gordon H. Clarck ao dizer que “alguns [dos jovens] dormem durante o sermão. Entre eles há os que repudiam a teologia [...] outro seguimento diz: ‘Nenhum credo, mas Cristo’”.[1] Precisamos entender que o Cristianismo é marcado por doutrinas.
         Hoje nós iniciaremos os nossos estudos nesta grandiosa doutrina que é a justificação pela fé somente. Doutrina que estando presente na vida da Igreja a torna de Pé, mas que quando ausente a igreja cai. Vejamos o que a Confissão de Fé diz sobre a Justificação:
I. Os que Deus chama eficazmente, também livremente justifica. Esta justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não lhes imputando como justiça a própria fé, o ato de crer ou qualquer outro ato de obediência evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo, quando eles o recebem e se firmam nele pela fé, que não têm de si mesmos, mas que é dom de Deus.[2]
I – A JUSTIFICAÇÃO COMO ATO DA LIVRE GRAÇA DE DEUS.
         O Catecismo Maior de Westminster define-nos a doutrina da Justificação como “um ato da livre graça de Deus” – a observar esta definição que vemos em nossa Confissão de Fé percebemos que esta doutrina fala de algo que ocorreu fora de nós. isso é ressaltado na Palavra de Deus em Romanos 3.22-25. Este ato da graça de Deus envolve todas as pessoas da Santíssima Trindade. Vejamos:
1.1 – É idealizada pelo Pai: Como um ato da livre graça de Deus o pai planeja como a justificação será realizada.  Ela se mostra ser um ato livre desta graça divina pelo fato de Deus o Pai ter aceito “a satisfação  de um fiador”[3] sendo Cristo “ o único Filho de Deus, Pai” nos foi dado gratuitamente como nosso redentor conforme vemos em João 3.16 – o Filho é doado pelo Pai aos pecadores. Exatamente isso aprendemos em Efésios 2.6-9.
1.2 É Possibilitada pela obra de Cristo: a Justificação somente é possível por causa da obra de Cristo no calvário; o sacrifício de Cristo naquela cruz torna esta verdade uma possibilidade singular (Romanos 3.24; 4.24,25)
1.3  - A justificação é efetivada na vida cristã pela ação do Espírito Santo: A palavra de Deus nos ensina que apenas o Espírito Santo pode de forma clara e evidente aplicar a obra da redenção no coração do eleito de Deus. (Romanos 5.5; Tt. 3.4-7).


II – A JUSTIFICAÇÃO É DESTINADA AQUELES QUE FORAM CHAMADOS EFICAZMENTE.
         A Confissão de Fé declara que somente o que são chamados somente estes Deus “livremente os justifica”. É exatamente isso que aprendemos na Palavra de Deus em Romanos 8.30. Deus ele chama e justiça os pecadores eleitos por Ele. Ora, como é lógico. Vimos na vocação eficaz que somente os eleitos podem ser regenerados isso implica que estes eleitos hão de ser declarados não culpados diante de Deus ( o que chamamos de justificação ).
         Somente aqueles que foram alvos do chamado interno, produzido pelo Espírito Santo, podem ser declarados justos. Isso porque somente os regenerados estão em paz com Deus e nenhuma condenação pesa contra eles (Romanos 5.1; 8.1)
III – OS DOIS ASPECTOS DA JUSTIFICAÇÃO.
         Ao estudarmos este assunto precisamos esclarecer o duplo aspecto desta doutrina. O aspecto negativo e o positivo.
3.1 – O Aspecto Negativo da Justificação: Necessitamos compreender o que a justificação não é. A Confissão de Fé nos diz que a esta doutrina não consiste “em Deus infundir neles a justiça”. Isso significa que na justificação que Deus não nos torna perfeitos ou sem pecados, ou seja, não é uma justificação infusa ( 1Co.5.19-21).
3.2 – O Aspecto Positivo da Justificação: Este ponto implica no fato do que realmente consiste a justificação:
a) “em perdoar os pecados dos eleitos”: é na declaração divina de não culpado que o homem vive o pleno perdão dos pecados. (Efésios 1.7)
b) “em aceitá-los como justas diante dele”: todos os eleitos são pecadores e culpados, mas diante do ato da justificação o homem eleito pode ser aceito diante de Deus como justo, na verdade, Deus os aceitas como se nunca tivessem feito crime algum contra a sua santidade. Deus passa a ser a justiça do eleito (Jeremias 23.6; 1 Co.10.30).
IV– A JUSTIFICAÇÃO NÃO DEPENDE DO ESFORÇO HUMANO.
         Os teólogos de Westminster declaram que “Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita” – em nosso tempo as pessoas sustentam o fato de que a justificação dependente do esforço individual para serem aceitos diante de Deus. Todavia, a Palavra de Deus nos ensina que este ato de Deus não é fruto das boas obras que praticamos (Tt.3.5-7).
V – A JUSTIFICAÇÃO É A IMPUTAÇÃO DA SATISFAÇÃO DA OBRA DE CRISTO NA VIDA DO ELEITO.
         Justificação implica na imputação da obra de Cristo na vida dos eleitos. Os pecadores somente são aceitos diante de Deus tendo em consideração a obra vicária de Cristo.
         E somente a imputação da justiça de Cristo na vida dos eleitos; a imputação significar “lançar na conta do outro” ou seja, a nossa conta estava lotada de dívida, não tínhamos como pagar, como sanar  a nossa divida com Deus; Mas Cristo mediante a morte de Crist no calvário, aquela justiça conquistada por Cristo por meio de sua obediência à Lei, é a nós conferida.
         Isso tudo é fruto da graça livre de Deus. E por causa disso Cristo nos é apresentado como a nossa vida (Fp.1.20-21)





[1] CLARCK, Gordon H. Em Defesa da Teologia. Tradução: Marcos Vasconcelos. Brasília: Editora Monergismo, 2010,  p. 18.
[2] Ref. Rom. 8:30 e 3:24, 27-28; II Cor. 5:19, 21; Tito 3:5-7; Ef. 1:7; Jer. 23:6; João 1:12 e 6:44-45; At. 10:43-44; Fil. 1:20; Ef. 2:8.
[3] Catecismo Maior de Westminster  resposta à pergunta 71.

domingo, 2 de outubro de 2011

DA VOCAÇÃO EFICAZ - QUARTA PARTE

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Estudos na Confissão de Fé de Westminster.
Capítulo 10: Da  Vocação Eficaz.
QUARTA PARTE
Introdução: Estamos estudando a temática da vocação eficaz. Temos percebido como ela se relaciona de modo positivo com questões urgentes na vida cristã. Como a evangelização, a proclamação da palavra, a santificação; mas também, compreendemos que esta doutrina lida com temas difíceis a nossa compreensão dos santos propósitos de Deus.
         Neste nosso último estudo sobre esta grandiosa doutrina vamos lidar com a questão do ímpio e de sua relação com a Vocação Eficaz. Isso é importante porque às vezes quando tratamos deste assunto ignoramos a existência de ímpios em nossas comunidades, “crentes” nominais que estão na igreja por acharem bonito e agradável ou porque os parentes pertencem a igreja. A Confissão de Fé declara o seguinte:
IV. Os não eleitos, posto que sejam chamados pelo ministério da palavra e tenham algumas das operações comuns do Espírito, contudo não se chegam nunca a Cristo e portanto não podem ser salvos; muito menos poderão ser salvos por qualquer outro meio os que não professam a religião cristã, por mais diligentes que sejam em conformar as suas vidas com a luz da natureza e com a lei da religião que professam; o asseverar e manter que podem é muito pernicioso e detestável.
         Bem, diante desta declaração dos teólogos de Westminster cabe-nos tentar entender tal declaração. O que estas palavras significam para nós? Como compreender esta seção?
I – OS NÃO ELEITOS E A VOCAÇÃO EXTERNA.
         No estudo da Vocação Eficaz usamos dois termos para descrever dois aspectos da vocação. O aspecto externo e interno. Até agora temos estudado o aspecto interno da vocação. Ou seja, a ação do Espírito Santo operando soberanamente no coração do eleito, dando-lhe a vida [ o que chamamos de regeneração] concedendo a fé salvadora para que este pecador possa responder positivamente o chamado do evangelho de Cristo. É bom que se diga que este chamado externo é destinado a todos os homens. Todos os homens são chamados pela pregação do evangelho. Será que os não-eleitos recebem alguma ação da graça sobre a vida deles?
  1. Pregação que chega até eles é uma ação da graça de Deus:  é exatamente isso que nós vemos na Palavra de Deus em Mateus 13.14,15, todavia, eles jamais creram na verdade que é pregada ou ensinada, antes terão corações endurecidos pela verdade de Deus. Mateus 22.14 nos mostra que muitos são chamados pela pregação, todavia, apenas alguns de fato crêem.
  2. Desfrutam de operações comuns do Espírito Santo em na vida deles, mas nunca chegam  Cristo: os reprovados até vão a igreja ouvem a palavra, vemos até algumas das operações do Espírito Santo sobre a vida deles, mas nada de novo lhes acontece, antes não conseguem se alicerçar na Palavra. Podem até estar inseridos na obra de modo especifico Mt.7.22. Todavia, não podem ser restaurados para um verdadeiro arrependimento conforme lemos em Hebreus 6.4,5
II -  A DOUTRINA DA VOCAÇÃO E  AS FALSAS RELIGIÕES.
         No primeiro tópico de nossa aula falamos sobre aqueles que vivem na igreja, mas não se achegam a cristo. Ou seja, eles conhecem a verdadeira religião, mas não conhecem o seu Redentor Jesus Cristo.
         A Confissão de Fé nos dá uma resposta singular àquela pergunta: Eu tenho a minha religião o que eu vou fazer com a sua?. A Confissão reconhece que ninguém pode ser salvo sem ação soberana de Deus na regeneração do eleito tendo Cristo como redentor. E apenas a religião verdadeira pode apresentar Cristo conforme ele se nos revela nas Escrituras. As falsas religiões não apresentam um único meio de salvação conforme vemos em At.4.12. A verdadeira religião apresenta-nos Cristo como o nosso Único caminho (Jo.14.6) e a falsa religião insiste em dizer que há vários caminhos que levam a Deus. A Bíblia diz que só existe um caminho.
         Para que o homem seja salvo faz-se necessário a ele Crer de modo absoluto e conhecer. É necessário conhecer a  Cristo”João 17.3 – e a falsa religião busca ofuscar a Cristo único redentor para nos oferecer a vida eterna!
         Não existe redenção para aqueles vivem sob a teologia natural; pessoas sustentam que outras podem ser salvos a parte da revelação redentora de Cristo, e que mesmo estando em uma religião que não seja o cristianismo podem ter a certeza de que vão para o céu. Este é um ledo engano de muitos.
         Estamos vivendo uma época na qual o cristianismo tem sido tratado como mais uma religião qualquer, não tem sido vista como uma religião soteriológica. A religião cristã tem sido relegada a mais uma entre tantas, todavia, a Confissão de Fé reconhece que esta religião cristã é redentiva, porque apresenta um salvador que realmente salva os homens de seus pecados.
         Estamos em um tempo no qual o dogma ou a doutrina tem sido rejeitada como inútil para a nossa comunhão com Cristo. Todavia, a Palavra de Deus ensina o contrário em 2 Jo. 10-11.
         Vale salientar que se alguém vier com outro evangelho devemos rejeitar, pois, isso  é uma afronta a Deus (G.18-9); e ainda, todo aquele que não ama a Jesus está sob anátema. ( 1 Co.16.22)