sábado, 27 de agosto de 2011

DO LIVRE-ARBÍTRIO II

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Estudos na Confissão de Fé de Westminster.
Capítulo 09: Do Livre-Arbítrio II.
Professor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução: Em nosso último encontro vimos como a nossa Confissão de Fé e a Bíblia apresenta o tema do Livre-Arbítrio; observamos que Deus criou o homem com o poder de obedecer a Deus ou não obedecer; estudamos que este homem após a queda perdeu completamente todo o poder que tinha para fazer algo de bom que  viesse a agradar a Deus; e que por isso, o homem tornou-se totalmente incapaz a prática do bem.
         Mas e agora como devemos encarar este assunto à luz da nova realidade que vivemos como crentes em Cristo Jesus? Como vivem os que são regenerados pela ação da Palavra de Deus e pelo Espírito Santo? Vejamos:  
I – A GRAÇA RESTAURA PARCIALMENTE A LIBERDADE DO HOMEM.
         Aqui nós vamos lidar com a graça de Deus agindo nesta vontade do homem caído no pecado, escravizado ao pecado para que assim possa ser habilitado a responder positivamente ao evangelho; pois, somente deste modo poderá ser realmente salvo do estado de total depravação.
         A Confissão de fé sumariza para nós esta verdade sob a seguinte proposição:
IV. Quando Deus converte um pecador e o transfere para o estado de graça, ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado e, somente pela sua graça, o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom, mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau.
         Nesta declaração encontramos conceitos chaves para entender a temática do livre-arbítrio. A proposição aqui nos apresenta um conceito radical e diferente daquele que predomina em nossos dias, inclusive em círculos reformados e presbiterianos. Vejamos:
1.   A Conversão como uma obra de Deus:  Em nossos dias ouvimos os pregadores dizer que o homem precisa exercer seu livre-arbítrio para que possam converter-se. Mas a declaração acima nos diz: “Quando Deus Converte um pecador” – nós vemos claramente que a conversão do pecador é obra de Deus. Esta tônica é mostrada pelo profeta Jeremias no capítulo 31.18; esta mudança de mente e lugar como coloca-nos a confissão ao declarar ainda “e o transfere para o estado de graça – Deus não somente converte o pecador mais o coloca no estado de graça – este é o ensino cristalino do evangelho em Colossenses 1.13.
2.   A liberdade que o homem precisa procede da Ação Soberana de Deus: Este é o segundo conceito chave que aprendemos aqui. Ora, somos ensinados pela mídia televisa e radiofônica de que o homem pode a qualquer momento, fazendo uso do seu livre-arbítrio se liberta de seus pecados. Esta noção choca-se com ensino das Escrituras, que pode ser sintetizado nas seguintes palavras: “ ele o liberta da sua natural escravidão ao pecado  a proposição da Confissão está fundamenta da Bíblia conforme vemos em João 8.34 e 36. – note que Cristo declara que todo aquele que comete pecado[1] é escravo do pecado (dou/lo,j evstin th/j a`marti,ajdoulós estin tês hamartias); ora, como o homem pode ter livre-arbítrio antes de conhecer a Cristo? Somente é quando Cristo liberta este homem é que ele é verdadeiramente livre.
3.   Que a liberdade conferida ao pecador só é possível por causa da ação da graça redentora de Deus: A proposição da Confissão de Fé de modo preciso nos lembra que esta liberdade que o homem tem é fruto da livre Graça de Deus, esta que é um favor imerecido manifestada ao homem pecador. E, é por causa desta graça que o homem é habilitado a responder positivamente o evangelho conforme aprendemos em Filipenses  2.13, Deus nos faz querer o evangelho e nos capacitar a realizar aquilo que de nós exige no evangelho. Pois, pela nossa Confissão de Fé nós aprendemos Deus pega o pecador e  o habilita a querer e fazer com toda a liberdade o que é espiritualmente bom”.
4.   Aprendemos que Mesmo neste novo estado o homem regenerado ainda mantém corrupções de sua natureza sendo inclinado ora para a justiça e ora para o pecado:  Na conversão do pecador a sua natureza não é erradicada – anulada – e assim, vive uma luta nesta vida. Ou como coloca-nos a Confissão de Fé: “mas isso de tal modo que, por causa da corrupção, ainda nele existente, o pecador não faz o bem perfeitamente, nem deseja somente o que é bom, mas também o que é mau. Nós não realizamos o bem perfeitamente e nem sempre desejamos o que é bom – isto por causa dos vestígios de nossa natureza corrompida que existe em nós conforme aprendemos na Escritura em  Gálatas 5.17 e em Romanos 7.18-23

II – NO ESTADO DE GLÓRIA O HOMEM TERÁ UMA VONTADE QUE NÃO DESEJARÁ MAIS PECAR.
         Na última seção deste capítulo da Confissão de Fé de Westminster nós temos uma declaração simples, profunda e direta sobre o que ocorrerá com a vontade do homem regenerado. Os teólogos de Westminster declararam o seguinte:
V. É no estado de glória que a vontade do homem se torna perfeita e imutavelmente livre para o bem só.
         Notemos que aqui nesta proposição se reconhece que o homem em sua vontade, ainda que manchada pelos vícios do pecado, poderá ser livre desta vontade que vive titubeando entre a prática do que é bom e o do que é mal, todavia, hoje, sendo mais inclinado para o mal, será finalmente livre desta inclinação. E viverá somente para a prática do bem. 
         Isso porque o homem deve chegar à plena maturidade a estatura de Cristo (Efésios 4.13); pois, na eternidade seremos imaculados, sem culpa, sem pecado, e sem uma vontade que rejeita a Deus o que queira pecar (Judas 24). Nós seremos semelhantes  a Cristo e sabemos que ele tinha uma vontade que não pecava, mas que amava a santidade e praticava a santidade; e a Bíblia nos diz que seremos semelhantes a ele (I João 3:2.).
Conclusão: O nosso estudo sobre este capítulo da Confissão de Fé de Westminster. Nos mostrou grandes lições importantes:
  1. Que o homem foi criado para a obediência a Deus: fomos criados para viver de uma forma obediente.
  2. Que por causa do pecado este homem perdeu a liberdade de poder agradar a Deus.
  3. Que o homem é incapaz pelo seu esforço de salvar a si mesmo pois, é escravo do pecado
  4. E que apenas pela Ação soberana de Deus somos libertados e habilitados à prática do bem.

          


[1]No original grego  indica uma ação contínua “aquele que vive praticando o pecado”

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