domingo, 5 de junho de 2011

O HOMEM COMO IMGO DEI

A IMAGO DEI
 EM UM BRASIL SEM RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA.
Rev. João Ricardo Ferreira de França.*
"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança"
(Gênesis 1.26).

            Geralmente estaria aqui nesta página escrevendo algum artigo de natureza teológica, mas agora escrevo com o coração de pastor e mente de teólogo. Nestes últimos dias as lágrimas me vieram aos olhos, ao contemplar os nossos noticiários - mas uma desgraça se abate no coração do Rio de Janeiro - a maior tragédia existente neste nosso País que temos assistidos passivos. Quero fazer presente os meus sentimentos às vítimas e familiares daquelas crianças que estavam estudando e o futuro da nossa nação foi tragicamente assassinado.
            Mas, o que mais traz um sentimento de revolta ao meu coração é joguete político existente; temos verbas e recursos, mas sem projetos não podemos fazer nada - diz o governo federal! Que absurdo! O homem criado à imagem de Deus sendo tratado como menos que um animal - um verme, um lixo - a dignidade humana tratada como nada. O desrespeito pela vida é marcante.
            Depois que a desgraça se estabelece o governo vem diz "vamos fazer isso"! Ou vamos "providenciar aquilo". Parem! Não precisamos de promessas, precisamos de ações que visam olhar para o homem como a Imago Dei (imagem de Deus).
            Os nossos corações estão enlutados porque vidas são contatas como números. Não é diferente aqui em nossa cidade, as vidas dos jovens marginalizadas, o uso das drogas assuntando e maltratando as famílias, os centros médicos marcados pelo descaso do governo!
            A educação das nossas universidades sendo tratada com desprezo. E o conhecimento e cultura se distanciando dia-a-dia de nossos jovens; o homem na ignorância total é tratado como ser que não reflete. Como ser não pensante! E as igrejas, aprisionam os crentes e os fiéis com seus dogmas não autorizados pela palavra de Deus. Não tornam seus membros reflexivos; lançam culpa no demônio pela sua demência social, política e educacional.
            O homem de nosso tempo pós-moderno é valorizado pelo que tem, pelo que possui, pelas noções [equivocadas] epistemológicas que sustenta, para gerar, filtrar e repetir as mesmas sintomáticas de décadas atrás.
            Onde está a solução para o problema social de nosso tempo? Política? Mais educação? Mais emprego? Inclusão social? Todos estes são paliativos – não são a solução real – a verdadeira resposta – a única reposta está no resgate, na redenção do homem como imago Dei – no verdadeiro humanismo Cristão. A resposta que damos à pergunta: Que é o ser humano? Será o nosso pressuposto básico para aquilo que realizaremos de significativo para responder de forma efetiva essas crises sociais e existenciais pela qual passa o ser humano na pós-moderninade. Quando conseguirmos dignificar a pessoa humana ao seu lugar real certamente teremos mudanças radicais na nossa sociedade. O homem é, segundo João Calvino, “o vicário de Deus no governo do mundo”. Precisamos resgatar o ser humano autêntico. Biéler nos alerta:

O ser humano que conhecemos, o ser humano que analisamos, o ser humano da psicologia, o ser humano que a ciência examina, o ser humano da literatura e o ser humano do humanismo profano [pagão] não é, pois, o ser humano autêntico. Não passa de uma pálida aparência do ser humano verdadeiro, uma contrafração, uma caricatura.[1]

            Somente nesta concepção de que o homem deve ser valorizado como a Imago Dei é que a sociedade brasileira poderá encontrar a autêntica solução para o homem de nosso tempo – quando a verdadeira humanidade do homem for descoberta em Cristo Jesus, é  que poderemos ver a sociedade de nosso tempo ser transformada em socializadora dos bens e dos dons que Deus concede a nós por sua graça e amor.
           


* O autor deste artigo é ministro da Primeira Igreja Presbiteriana do Brasil em São Raimundo Nonato. Formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) Recife-PE.
[1] BIÉLER, André. O Humanismo de Calvino. Tradutor: A. Sapseziam. São Paulo: Pendão Real – Caderno 11 de o Estandarte, 2009, p. 11.

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