terça-feira, 7 de junho de 2011

EXPOSIÇÃO BÍBLICA - A CARTA DE TIAGO II

Exposição Bíblica.
Tiago 2.1-13.

ENFRENTANDO O PECADO DA ACEPÇÃO DE PESSOAS

Rev. João Ricardo Ferreira de França.

Texto: “ Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.  2 Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo, e entrar também algum pobre andrajoso,  3 e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés,  4 não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes tomados de perversos pensamentos?

Vs 1 - Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.


            Tiago após mostrar a necessidade de se viver como “operoso praticante” da verdade aprendida pelo evangelho de Deus Agora nos apresenta como se comportar diante de situações onde o evangelho precisa ser mais evidenciado do que os nossos preconceitos. Tiago começa este capítulo em termos afetuosos “Meus irmãos” essa forma carinhosa de tratar indica que Tiago queria se identificar com os seus ouvintes; outro fato é que ao dizer “meus irmãos” o escritor cria uma atmosfera familiar, onde não terá receio de falar de assuntos difíceis, pois, se somos uma família – pensa o apóstolo – então resolveremos os problemas em família.

não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo – Tiago agora entra direto no assunto. A construção direta do seu discurso não deixa dúvidas. Ele pretende ser o mais claro possível; ele diz “não tenhais a fé...” o advérbio de negação, no texto grego, indica uma proibição factual, ou seja, um proibição enfática. Assemelha-se as proibição do decálogo. Tiago não autoriza que eles tenham um tipo de fé.
            A fé que a Igreja deveria Ter em Cristo estava sendo ameaçada por uma atitude que não condiz com fé esposada quando se encontrou a Cristo. A nossa versão traz uma tradução muito confusa, mas o texto grego original esta expressão é lida assim: “irmãos meus, não em acepção de pessoas   tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo...” A fé que eles professavam Ter em Cristo não deveria produzir acepção de pessoas.
            Chamo a sua atenção para o verbo “Ter” aqui está no modo imperativo que indica uma ordem, Tiago não está pedindo, mas está ordenando aos crentes; o tempo deste verbo no grego é o presente, sabemos que o presente indica uma ação contínua. Isso não era conjectura da mente de Tiago, mas era algo que estava acontecendo dentro da Igreja. O texto poderia se traduzido assim, “não continuem tendo a fé em Cristo em ação de favoritismo”. A fé cristã não deveria ser baseada em acepção, as pessoas devem ser vista pelo que são e não pelo que têm.
            Tiago nos infora que Cristo é o “ Senhor da glória” no texto grego a ideia seria de “Senhor glorioso” por que isso? Porque sendo Cristo o Senhor da Igreja ele é exaltado em glória e salvou muitos dos que aos olhos comum não deveriam Ter sido salvos resgatados por Cristo, mas aquele que é glorioso decidiu salvar tais pecadores; logo, o Senhor da glória não fez acepção ao salvar pessoas. A palavra acepção aqui significa “lançar em rosto” ou “olhar o rosto”. Cristo, o Senhor da Glória nos salvou sem olhar a nossa condição que era de total indignidade. Este é o ponto aqui.

Vs.2 -  Se, portanto, entrar na vossa sinagoga algum homem com anéis de ouro nos dedos, em trajos de luxo...
            Tiago agora passa a demonstrar como a Igreja pode cair no pecado de acepção. Tiago não é um pastor teórico, mas eminentemente prático. Ele começa com um caso hipotético. Isso nos alerta para algo que o culto era destinado aos membros da Igreja. A palavra “sinagoga” é usada para descrever uma reunião tipicamente cristã.
            Tiago focaliza-se como este homem está adornado. Que homem é este? Seria um cristão? Seria um incrédulo? Pelo contexto nos parece que Tiago refere-se a uma pessoa que não é membro regular da Igreja. É um visitante que veio assistir o culto, todavia, tal incrédulo é possuído de riquezas.
            As vezes somos tentados para olharmos a imponência de alguém bem vestido dentro da Igreja, e assim, pensamos essa pessoa convertida seria uma ótima ajuda financeira para as dificuldades enfrentadas pela comunidade, quando, na verdade,  a questão é mais profunda do que os bens que alguém possui.

 e entrar também algum pobre andrajoso - Tiago estabelece o contraste gritante ele sugere que o pobre também pode entrar dentro da Igreja. A Igreja primitiva era basicamente formada de pessoas pobres, havia também mulheres que possuíam recursos que empregavam no reino, mas na sua grande maioria era de pobre. Imagine os líderes da Igreja rejeitando os pobres e super valorizando os ricos dentro da mesma comunidade; isso era de mais dentro da Igreja. Tiago visa reprovar tamanho ultraje. E por quê? Porque tal atitude não evidenciava a fé que professavam Ter em Cristo.

Vs.3 - e tratardes com deferência o que tem os trajos de luxo e lhe disserdes: Tu, assenta-te aqui em lugar de honra; e disserdes ao pobre: Tu, fica ali em pé ou assenta-te aqui abaixo do estrado dos meus pés,

Como este pecado é processado na prática? O nosso texto traduz “tratardes” no grego a tradução poderia ser “olhar com favor”, “olhar dando prioridade”, em outras palavras levar em consideração sua condição social. Os ricos são bem tratados porque olhamos a aparência e nunca o coração das pessoas.
Havia um lugar de honra para os ricos dentro da Igreja. E os pobres eram colocados aos pés da liderança como se fossem lixo. A liderança não se preocupava com as pessoas. Mas apenas com os recursos naturais que proviam dos seus liderados.
É claro que Tiago aqui não está dizendo que existe uma teologia da libertação onde apenas os pobres são alvos do evangelho, mas o que Tiago nos ensina é que como crentes não devemos de forma alguma nos enganar pela posição social na qual os ricos se encontram.

Vs. 4 - não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juizes tomados de perversos pensamentos?

            Tiago agora aprofunda a sua argumentação. Ele diz que se os crentes agem desta forma de fato estão fazendo “discriminação”. Ora, se isso ocorre com alguém que vem de fora para ouvir a pregação da palavra, imagine se isso não ocorre entre vocês mesmos. É basicamente isso que Tiago está dizendo.
            E por que Tiago proíbe isso? A resposta é que agindo assim eles estavam se tornando juizes dentro da comunidade cristã, mas que tipo de juizes? Juizes com pensamentos malignos. O termo “ponêrós” que aparece aqui é termo aplicado para descrever a ação do diabo; ou seja, se a igreja faz acepção está agindo de forma demoníaca. Tiago rejeita assim, porque tal atitude é demoníaca.

Vs.5 - Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?

            Tiago passa a nos mostrar porque Deus vem em defesa dos pobres. Mas seriam apenas os pobres materialmente. É claro que Tiago usa de um contraste. Ele começa com um tom de amor de forma carinhosa. Usa um vocativo para chamar a atenção deles. Tiago os chama de irmãos para mostra que eles são visto não como apenas membros da Igreja, mas como irmão amados.
            O autor usa uma pergunta retórica. Mas a questão é: quem são os pobres deste mundo? Alguns sugerem que são os que não possuem uma condição financeira boa. Mas, aqui não significa apenas isso. Aqui indica que todos nós éramos pobres, pois, a riqueza trazida por Cristo no que concerne a salvação, estava ausente de nossas vidas. Deus escolheu aqueles que são pobres neste mundo.
            Qual é a finalidade desta escolha divina? para serem ricos na fé – a fé é uma profunda riqueza que o próprio Deus nos deu. Erámos nulos, desprovidos de alguma riqueza espiritual, e sem esperança, mas Deus nos escolheu para que a fé viesse habitar em nós. Logo a eleição precede a fé! Isso é grandioso. Deus escolheu esses homens e mulheres para serem ricos.
            Mas eles também são transformados em “ herdeiros do reino que prometeu aos que o amam” – eles são introduzidos no reino que é visto como a herança dos eleitos. Mas a quem está reservado este reino? “Aos que o amam” isso é importante para nós. Não adiante ser pobre, se não ama a Cristo! O amor a Cristo é a garantia de que somos inseridos no reino de Deus que ele nos prometeu. O reino é reservado aos eleitos que amam ao seu redentor. Esse é o ponto. A Igreja não deve promover favoritismo porque ignora a escolha de Deus. Aquele irmão que você não valoriza foi por ele que Cristo morreu. Foi ele a quem Deus escolheu.

 Vs . 6 - Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais?

            Mesmo a Igreja tendo essa grande compreensão que Tiago estava manifestando ela ainda agiu de forma contrária ao evangelho. Ela “desonrou” ao pobre. A atitude da Igreja não glorificou a Deus e a Sua palavra. Tiago usa aqui o modo indicativo ou seja, era algo cabalmente comprovado que a Igreja havia desprezado um pobre. Que vergonha! A Igreja sabia do ensino de Deus sobre o pobre desde ao Antigo Testamento. E ainda assim, desprezaram o pobre dentro da Igreja.

Porventura não vos oprimem os ricos – O escritor sagrado diz vocês devem saber de fato que os ricos oprimem vocês. No texto grego o verbo “oprimir” está no indicativo indicando a certeza do fato, era algo notório e o tempo é o presente – que aponta para a continuidade da opressão – a tradução seria – “vocês bem sabem que são os ricos que continuamente oprimem a vocês...” Tiago descreve como eram manifestadas as opressões:
vos arrastam aos tribunais? – Os ricos arrastavam os crentes aos tribunais constituídos, pelo simples fato de serem cristãos. Isso porque os ricos eram pessoas de influências dentro da sociedade daquela época. E não aceitavam o cristianismo pregado pelos judeus cristãos. Tiago diz : “vocês devem estar cientes de que são esses mesmos que vos arrastam para os tribunais”
Os ricos não ficavam em infligir dor aos crentes pobres ao jogá-los na cadeia. Mas também usavam de blasfêmias.

Não são eles os que blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado?Os crentes eram ridicularizados, eram levados sem compaixão. O nome de Cristo é rejeitado e desprezados pelos os seus patricios.

            O batismo cristão era ridicularizado porque os crentes não estavam mais praticando a circuncisão e agora estavam sendo batizados em nome de um homem chamado Jesus Cristo, e isto era alvo de blasfêmias. O terceiro mandamento era quebrado por causa disso. Os ricos eram os que faziam tamanha maldade.

Vs. 8 – “todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.

Como fazer para resolver este problema? Tiago diz: Vocês devem se conformar ao ensino das Escrituras; aqui aprendemos que a presença da acepção de pessoas dentro da Igreja é porque não se tem observado a Lei de Deus que regulariza os relacionamentos dentro da Igreja. A verdadeira lei me obriga a amar o meu próximo – seja rico ou pobre – é meu dever fazer isso, e se não faço estou quebrando a Lei de Deus.

Vs.9. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores.

            No texto grego a condicional “se” expressa certeza – Tiago esta dizendo “visto que fazeis acepção de pessoas”. Tiago não está trabalhando com hipótese, ele está falando com certeza. De algo que de fato estava acontecendo.
            Ele os acusa de estarem pecando contra Lei de Deus. Ele são transgressores da Lei porque se agem fazendo acepção de pessoas não estão amando verdadeiramente. Este é o ensino sumarizado por Tiago.

Por que Tiago diz isso? A resposta é simples. É que se agirem de forma contrária a Lei serão culpados de toda a lei, mesmo sendo em um único mandamento. (vs.10)

Tiago termina colocando lições práticas (vs.11-13)



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