Como ser uma
Igreja Saudável neste século?
Pr. João Ricardo Ferreira de França.
Texto:
1ª Coríntios. 12.
Introdução: Em tempos recentes a temática Igreja tem recebido uma
grande atenção pela literatura impressa de forma significativa. O que tem
motivado tantos livros abordarem o tema “Igreja” em nosso tempo? Certamente o
grande eixo motivador é a crise pela qual a Igreja
tem passando. Uma igreja saudável não é fácil de encontrar e de modo
especial uma igreja neste terrível século no qual vivemos.
Por
que afirmo isso? Ora, o nosso século é totalmente marco pela negação da
importância da Igreja na vida cristã. Membros em nossas igrejas buscam uma vida
cristã sem igreja – quem aqui já não ouviu aquela famosa frase: “Pastor, a
igreja não salva ninguém, por isso eu sou crente em casa, eu sou a igreja”!
Isso está em volta de nosso tempo.
É
o discurso dos que são revoltados com a Igreja. É o discurso também daqueles
que não querem compromisso com a igreja. Amar a igreja nestes dias tem sido um
problema tão grande que se você declara que ama a igreja as pessoas logicamente
lhe acusaram de ser um fariseu, um hipócrita e coisa deste tipo! Tudo porque
você disse que amava a igreja.
Como
ser uma igreja saudável? Bem, no período da Reforma Protestante os
reformadores: Matinho Lutero, João Calvino, John Knox, entre outros disseram
que a maneira de você identificar uma igreja saudável consistia de três marcas:
1 – A pregação Fiel da Palavra:
A pura pregação do evangelho de Cristo, sem barganhas, sem trocas de promessas
de lucratividade e coisas do gênero, a simples pregação expositiva da palavra –
o texto que era lido era ensinado e aplicado ao povo; se na igreja isso
ocorresse ali teríamos certamente o indicador de uma igreja saudável.
2 – A Ministração Legítima dos Sacramentos: O segundo aspecto que
os reformadores disseram para que haja uma igreja saudável certamente é a
administração dos sacramentos ou ordenanças – Batismo e Eucaristia [Santa Ceia].
3 – O Exercício fiel da Disciplina: O terceiro aspecto nesta
questão da igreja saudável era que os reformadores insistiram que a igreja
deveria ser santa – e quando algum membro pecasse deveria ser exortado, com
amor, a mudar sua forma de vida.
Oh!
Se essas marcas fossem seguidas não haveria necessidade de uma conferência sobre
este tema. Mas, existe um aspecto no qual precisamos nos concentrar neste
momento. O que nos impede ser uma igreja Saudável neste século? Não é somente a
ausência destas marcas em muitas de nossas igrejas, mas o esquecimento do que
devemos ser como igreja. Vejamos o que Paulo nos ensina aqui neste texto:
I – Para ser uma Igreja Saudável
neste século é necessário compreender que a Diversidade deve promover a Unidade
(vs.4-12).
4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o
mesmo. 5 E também há diversidade nos
serviços, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há
diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. 7 A manifestação do Espírito é concedida a
cada um visando a um fim proveitoso. 8
Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro,
segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; 9 a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a
outro, no mesmo Espírito, dons de curar;
10 a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro,
discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade
para interpretá-las. 11 Mas um só e o
mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a
cada um, individualmente. 12 Porque,
assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos,
constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.
O grande problema nosso,
quanto Igreja, é que achamos que os nossos dons são importantes isolados do
demais. Então quando nos julgamos melhores que os outros, o que podemos fazer
algo muito melhor que outro, nós não estamos sendo igreja, e muito menos
saudável. Isso tem implicações grandes observem algo importante neste texto:
1.1 – Os dons que temos não são frutos de nossa
habilidade, mas da vontade do Deus Trino (vs4-7): Este bloco de textos nos
mostra que há uma variedade de dons dentro da igreja; notem como Paulo tira o
orgulho do coração dos coríntios e coloca toda dádiva toda a glória em Deus! E
não neles.
1.2 – Paulo também apresenta que a variedade dos dons
que cada individuo tem o seu dom específico na Igreja, mas relembra-os que eles
tem esses dons por causa da vontade soberana do Espírito (vs.8-11): os Apóstolo ao declarar isso exorta a haver duas atitudes na vida cristã:
a) Arrependimento: Porque quando nós usamos os dons
que tempos para menosprezar os outros estamos nada mais do que usurpando de uma
autoridade que não é nossa! Deus nos tem dado dons por causa de sua vontade e
para fazer a sua vontade – e quando nós não o usamos para esta finalidade
estamos pecando e precisamos nos arrepender urgentemente se desejamos ter uma
igreja saudável.
b) humildade: Paulo ao relembrar que estes dons são
dados ou concedidos pela vontade
graciosa de Deus (bou,letaiÅ) nos exorta assim a sermos humildes e não orgulhosos com
tais dons.
1.3 – Paulo também nos apresenta o propósito de tais
dons que é certamente promover a unidade apartir desta diversidade (vs.12):
Paulo lembra que embora sejamos muitos membros nós somos o corpo de Cristo –
nossas diversidades devem promover a unidade para termos uma igreja saudável.
II – Para ser Uma Igreja Saudável neste Século é
necessário não nutrir nenhum pensamento que menospreze o outro: (vs.13-24)
13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados
em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos
nós foi dado beber de um só Espírito. 14
Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. 15 Se disser o pé: Porque não sou mão, não
sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. 16 Se o ouvido disser: Porque não sou olho,
não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser.
17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse
ouvido, onde, o olfato? 18 Mas Deus
dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. 19 Se todos, porém, fossem um só membro, onde
estaria o corpo? 20 O certo é que há
muitos membros, mas um só corpo. 21 Não
podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés:
Não preciso de vós. 22 Pelo contrário,
os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; 23 e os que nos parecem menos dignos no
corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós não são decorosos
revestimos de especial honra. 24 Mas os
nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o
corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha,
O apóstolo alerta a igreja
nos apresentando no verso seguinte uma conjunção explicativa daquilo que havia
dito antes “pois” [no greg. ga.r] pode ser traduzido por
“porque, esta é a razão, a finalidade”; e assim por diante. Mas por que Paulo
centraliza-se neste texto? Naquela igreja havia um grupo que achava que alguns
crentes não eram habitação do Espírito Santo porque não evidenciavam um dom
espetacular [como o dom de língua e profecias], e, esses crentes eram julgados
como não sendo espirituais.
Paulo ressalta no verso 13 que todos aqueles crentes “foram
batizados em um corpo” – devemos considerar isso. Às vezes achamos que um irmão
não espiritual porque ele não manifesta o dom que gostaríamos que ele tivesse,
e assim, passamos a menosprezar aqueles a quem Cristo salvou.
Paulo ao dizer isso
usa o verbo batizar de uma forma interessante “evbapti,sqhmen( - ebaptisthemen” que está no modo “indicativo” que aponta para a
realidade dos fatos; Paulo está dizendo que de fato eles foram batizados, não é
uma suposição de Paulo, mas algo real e verdadeiro. Outro aspecto importante é
que este verbo está em um tempo verbal chamado “aoristo” que aponta para uma
ação que não é repetida – que ocorreu uma única vez que não voltará a
acontecer. Paulo está dizendo que aqueles que foram inseridos em Cristo devem
manifestar unidade como corpo de Cristo porque foram batizados pelo Espírito
Santo!
O menosprezo pode se manifestar de diversas formas:
1. Podemos nos achar auto-suficientes em nós mesmos (vs.14): “Porque também o corpo não é um só
membro, mas muitos.” Paulo ressalta que a auto-suficiência pode prejudicar o corpo. Não
devemos nos julgar mais capazes que o outro, acharmos que somos os melhores, os
tais e que tudo pode ser feito somente
por nós, que se não estivermos à frente nada funciona! Precisamos retirar esse
pensamento de nossa cabeça, nós somos igreja juntos e não individualmente.
2. O menosprezo também se manifesta quando invejamos a posição do outro
[vs. 15-24]
. 15 Se disser
o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do
corpo. 16 Se o ouvido disser: Porque não
sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. 17 Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o
ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato?
18 Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como
lhe aprouve. 19 Se todos, porém, fossem
um só membro, onde estaria o corpo? 20 O
certo é que há muitos membros, mas um só corpo.
21 Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a
cabeça, aos pés: Não preciso de vós. 22
Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são
necessários; 23 e os que nos parecem
menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós
não são decorosos revestimos de especial honra.
24 Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus
coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha,
Paulo usa a anatomia do
corpo humano para ilustrar este principio. O apóstolo nos mostra de forma
categórica que a motivação de querer ser o outro dentro da comunidade ou de ter
o dom do outro se desvalorizando apresenta os seguintes pecados:
a) a Inveja – não queremos
ser o “pé” para sermos “mão” – este desejo de querer ter o dom do outro não
produz uma igreja saudável, mas uma igreja doente.
b) Sugere que Deus errou em
lhe dá tal dom (vs.18): Paulo alerta aquela igreja que os dons são dispostos
por Deus dentro da comunidade, logo dizer que o seu dom não é útil ao Reino de
Deus sugere que Deus errou em lhe dá o seu dom. Isto porque você diz que aquele
dom não deveria ser pelo Senhor a você.
c) Arrogância: Quando
invejamos o dom que o outro tem e desprezamos o que nós recebemos isso leva
para a arrogância achando que o outro não tem competência para está ali;
assumir tal função, e que nós somos bem melhores – este é um pecado mortal que
comentemos contra a graça divina.
III – Para ser uma Igreja
Saudável neste Século precisamos cuidar uns dos outros. (vs.25-27)
25 para que não haja divisão no corpo; pelo contrário,
cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. 26 De maneira que, se um membro sofre, todos
sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam. 27 Ora, vós sois corpo de Cristo; e,
individualmente, membros desse corpo.
Paulo relembra aqueles crentes que eles deveriam visar à
unidade e não a divisão. E como isso era possível? Por meio da cooperação entre
os membros de um modo que cada um cuida do outro.
Este cuidar está em sofrer com os outros membros quando
estes estão sofrendo, Paulo lembra que a unidade da igreja está acima de
qualquer dom; pois, tanto na tristeza e sofrimento como na honra e na alegria aqueles
crentes deveriam está unidos – por que Paulo se preocupa com isso ele diz:
“ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros deste
corpo.”(vs.27)
Duas coisas se destacam aqui neste verso é a realidade de
que isoladamente nós não somos igreja, então, aquele conceito de ser crente em
casa não existe; o segundo ponto a ser considerado no texto é que
individualmente somos membros do corpo de Cristo. Então, esta é uma das razões
pelas quais devemos cuidar um do outro.
IV – Para ser uma Igreja
Saudável neste século é necessário respeitar a liderança que Deus estabelece e
entender nossas funções na mesma.
28 A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente,
apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois,
operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades
de línguas. 29 Porventura, são todos
apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de
milagres? 30 Têm todos dons de curar?
Falam todos em outras línguas? Interpretam-nas todos? 31 Entretanto, procurai, com zelo, os
melhores dons. E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente.
Paulo encerra este capítulo mostrando-nos que para ser uma
igreja saudável precisamos compreender que devemos respeitar a liderança desta
igreja que Deus colocou para que você congregasse nela.
O
apóstolo mostra-nos uma estrutura hierárquica a respeito dos dons que visavam
um fim proveitoso [ para a edificação da igreja] ele mostra-nos que a valorização
da liderança e da função de cada dom dentro da igreja – chama-nos a atenção o
fato de que nem todos são chamados para ter o mesmo dom dentro da igreja logo
cada um de nós devemos estar na função a qual fomos chamados e possuir o mesmo
dom para promover unidade da igreja. Focalizando-se no amor.
A
liderança existe para a edificação do corpo de Cristo conforme aprendemos em
Efésios 4.11-14:
11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros
para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com vistas ao aperfeiçoamento dos santos
para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13 até que todos cheguemos à unidade da fé e
do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da
estatura da plenitude de Cristo, 14 para
que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao
redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com
que induzem ao erro.
O que
aprendemos aqui nesta passagem em paralelo com tudo aquilo que já estudamos?
a) Que o Pastorado é um dom de Deus: Ter um pastor na
igreja local é uma dádiva graciosa de Deus à sua igreja.
b) Que o Pastorado na igreja tem um propósito:
“aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço para a edificação
do corpo de Cristo” – a palavra grega “aperfeiçoar” [katartismo.n- kartartismon] significa “equipar” – o pastor equipa o rebanho, municia, então é
nosso dever honrar e respeitar o pastor de sua igreja (vs.12); este equipar é
para o serviço. Mas, o alvo do trabalho pastoral é certamente “a edificação do
corpo de Cristo” [Gr. oivkodomh.n tou/ sw,matoj tou/ cristou/\- oikodomen tou somatos tou christou] a ideia é de
um grande edifício que está sendo contruído.
c) Todos
devemos chegar a maturidade sob um pastorado fiel a Palavra: O seu alvo na
igreja não é cantar no coral, não é aparecer mas deve ser chegar a maturidade
varonil em Cristo Jesus. (vs.13) e como? Na mesma fé – “na unidade de fé” e do
“conhecimento pleno” de Cristo Jesus. Ora, estes são dois elementos para sermos
uma igreja saudável! Termos a mesma fé e nos enchermos do conhecimento pleno de
Cristo pela Palavra de Deus somente. Ou seja, chegamos à maturidade cristã.
d) Todos
nós devemos precaver-nos, mediante um bom ensino pastoral, dos falsos ensinos
(vs.14): Pastor nos ensina para que não sejamos levados por qualquer vento de
doutrina.