sábado, 28 de abril de 2012

SÃO RAIMUNDO NONATO E A RELIGIÃO PROTESTANTE


SÃO RAIMUNDO NONATO E A RELIGIÃO PROTESTANTE
Rev. João Ricardo Ferreira de França
Introdução:
            Há algum tempo temos avaliado a real situação do protestantismo dentro da Cidade de São Raimundo Nonato; é curioso notar um fato de que para boa parte dos chamados acatólicos [os que não são católicos romanos] consideram-se protestante. E para muitos católicos praticantes também há uma gama de protestante nesta cidade.
            Dentro deste pensamento pensa-se que há de fato um crescimento maciço do protestantismo, todavia, percebemos que boa parte dos que se dizem estar alinhados com a Reforma Protestante, nem sequer conhece as doutrinas fundamentais da dita Reforma.
            Surpreende-nos o fato de que muitos não conhecem as doutrinas como: Sola Scriptura, Sala Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo Gloria. Estes lemas ecoaram pela Europa e Novo Mundo como bandeiras designativas do protestantismo histórico; mas hoje, os chamados crentes conhecem apenas a luta pela fé, a fé que move montanhas e até mesmo praticam e ensinam coisas que nunca pertenceu a Reforma Protestante.
I – O que é ser Protestante?
            Para esclarecer exatamente o que  tem havido na Cidade de São Raimundo e em muitos lugares do Brasil é compreender o termo; alguém há muito tempo já disse:
Tem sido freqüentemente observado que se os filósofos e os teólogos se importassem em definir seus termos no começo de uma discussão, a maioria de seus debates seria desnecessária. É certamente verdade que precisamos ter um entendimento claro daquilo em que as pessoas crêem e o que elas querem dizer  com os termos que usam, antes de adquirirmos qualquer direito de discordar. É também e verdade que se o significado de uma palavra muda no curso do debate ou durante a apresentação do argumento, então, o debate repentinamente muda par lago diferente, e a validade do argumento é destruída. Portanto, temos o direito de pedir não somente que os termos-chaves sejam claramente definidos desde o começo, mas que também novos significados não entrem sorrateiramente em meio a uma exposição.[1]
            Então, o grande desafio que temos diante de nós é tornarde modo claro o que significa o termo protestante. Agora nos cabe um alerta que é bem lembrado pelo Reverendo Valter Graciano Martins ao fazer um contraste entre o Catolicismo Romano e ser Protestante, ele diz:
O fato de ser ‘católico’ não diz nada; é algo vazio em matéria de Cristianismo; não passa de uma palavra isolada e sem conteúdo. Ela carece de substantivação. Dá-se o mesmo com o evangélico que, por ventura, diga: “Eu sou protestante!”, como uma designação isolada. Embora ‘protestante’ seja um termo de grande importância histórica, isoladamente não significada nada aos olhos de Deus. é preciso ser cristão evangélico, bíblico, consciente, conhecedor dos fundamentos da “fé que uma vez dada aos santos”.[2]
            Parece-nos ser este o caso da atual situação em nossa cidade, pois, os ditos “evangélicos” denominam-se protestantes, mas não se alinham a Reforma e nem aos padrões bíblicos para efetivamente manifestar a verdade do Evangelho de Cristo Jesus.
            É curioso abordamos este tópico porque o termo evangélico, por exemplo, em nossos dias refere-se a alguém que não é particularmente alinhado a alguma denominação especifica  ou algum credo definido. John H. Gerstner traz uma informação importante sobe o que significa o evangelicalismo:
A palavra evangelicalismo deriva do grego euangellismos. O evangelho é as boas novas ou verdade, e através do Novo Testamento designa a mensagem da salvação. Paulo não se envergonha deste evangelho porque é ‘o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego’(Romanos 1.16).  Porque esta era a mensagem, a mensagem indispensável da salvação, o apóstolo pronunciou uma maldição de Deus sobre todo aquele que pregasse um outro evangelho, mesmo que fosse ele mesmo ou um anjo vindo do céu (Gálatas 1.8).[3]
            Ou seja, o termo evangélico sempre fora usado para descrever e apontar o conteúdo da fé e não um status religioso como se tem em nossos dias. Kevin Redd adiciona uma informação importante sobre este termo, ele diz que “durante a reforma o termo identificava aqueles que aderiram à proclamação do evangelho feita pelos reformadores: isto é, o termo referido aos Protestantes.[4]
            Seguindo esta definição e o uso do termo conforme temos visto, então, podemos chegar à conclusão que o evangelicalismo presente em nossa cidade não é de perto “evangélico”. Alguém poderá dizer: Por quê?  O Kevin Redd sumariza isso para nós de forma clara, ao dizer:
[...] a teologia da reforma era baseada no evangelho da soberana graça de Deus na salvação dos pecadores. A humanidade está morta em seus delitos: os homens carregam a culpa do pecado e são dominados pelo poder do pecado; eles são totalmente incapazes de contribuírem para a sua própria libertação tanto da culpa  quanto do poder do pecado. A justificação vem pela graça, baseada nos méritos de Cristo somente e recebida pela fé somente. A santificação segue-se à justificação como um processo distinto, mas relacionado, através do qual o pecador redimido cresce progressivamente na prática da piedade.
            Como a doutrina da reforma é simplesmente uma afirmação do evangelho bíblico;  e como o evangelicalismo contemporâneo em geral rejeita esta doutrina da graça soberana; então pode se concluir que o evangelicalismo moderno não é evangélico de fato, de acordo com o uso histórico do termo.[5]
            Esta avaliação é tão verdadeira que se perguntássemos aos ditos “evangélicos” que se acham “protestantes” em São Raimundo Nonato sobre as principais doutrinas ou mesmo confissões de fé elaboradas na Reforma Protestante perceberia no rosto da grande maioria um ar de interrogação.
II – O QUE CRER UM PROTESTANTE?
            O segundo aspecto que precisamos considerar é a questão da crença, pois, em nossos dias os evangélicos falam em partilhar sua experiência que teve com Jesus, e assim, o evangelho vai se diluindo em puramente algo subjetivo, sem ter alguma objetividade de crenças e de corpo doutrinário.
            Então, não é apenas compreender que o termo “protestante” não se aplica mais aos “evangélicos” modernos, mas também é necessário compreender o que um protestante realmente crer. Em linhas gerais podemos dizer que os protestantes históricos acreditam de forma clara e peculiar nas chamadas Antigas Doutrinas da Graça. O que é um assunto completamente desconhecido dos ditos “evangélicos” aqui de São Raimundo Nonato.
            Os protestantes sempre defenderam a soberania divina de forma intensa. Todavia, os “evangélicos” aqui nesta cidade são completamente ignorantes [desconhecedores] da teologia cristã, não lêem a Bíblia, não conhecem história da Igreja e nem as doutrinas da Reforma. Alguém acertadamente declarou o seguinte:
Os evangélicos de hoje não olham muito para a Bíblia, para o principio da Sola Scriputra da Reforma Protestante, para as “idéias” de como apresentar o evangelho ao mundo incrédulo. Ao invés disso, eles olham para a grande variedade de psicologias, filosofias e espiritualidades seculares a fim de encontrar pontos de contatos. O evangelho deles não é mais o evangelho teologicamente articulado de 400 anos atrás. Hoje ele é uma combinação sincretista de metodologias seculares e linguagem bíblica superficial apontada para “as necessidades sentidas”, antes do que para os pecadores presos ao inferno. Podemos realmente imaginar o apóstolo Paulo insistindo para que o evangelho fosse tão maciamente pregado? Paulo ensinou que o poder do evangelho está localizado na pregação da Palavra de Deus, não na sua capacidade de absorver a cultura popular.[6]
            Este é o cenário atual das coisas no campo da religião. Então, precisamos apresentar de forma simples e clara o que os Protestantes sempre acreditaram e ensinam de fato. O designativo aplicado para o conjunto de doutrinas que os Protestantes crêem chama-se: Fé Reformada [ Teologia da Reforma Protestante].  Estas doutrinas recebem ênfase nas igrejas oriundas da Reforma Protestante e que ainda permanecem fiéis a estes ensinos.
            Aquilo que um protestante acredita muda todo o sistema de vida [ sua cosmovisão] peculiarmente estabelecida. Ou seja, ele passa a vê o mundo que lhe cerca apartir de sua compreensão do evangelho e aplica esta concepção em cada campo da sua vida. Mas, que doutrinas são essas? O que peculiarmente os que são verdadeiramente protestantes ensinam de fato de  verdade?
            Os protestantes reformados acreditam naquilo que é chamado de Calvinismo. E o que este termo descreve? “O Calvinismo, como o nome indica, é o sistema de teologia elaborado pelo mais articulado e profundo dentre os reformadores, João Calvino.”[7] É bom lembrar que o “Calvinismo não é somente um conjunto de doutrinas, mas inclui concepções especificas a respeito de culto, da liturgia, do ministério, da evangelização e do governo da igreja”.[8] Não apenas dentro destes campos, pois, este sistema pode se classificado, nas palavras de Abraham Kuyper, “um sistema de vida[9] que confronta os sistema doutrinário do arminianismo – tão presente em nossa cidade nas ditas igrejas evangélicas, o quadro abaixo ajuda a ilustrar isso:
OS "CINCO PONTOS" DO ARMINIANISMO[10]

OS "CINCO PONTOS" DO CALVINISMO

1. Livre Arbítrio ou Capacidade Humana
Embora a natureza humana tenha sido seriamente afetada pela queda, o homem não foi deixado numa condição de abandono espiritual. Deus capacita graciosamente cada pecador a arrepender-se e crer, mas Ele não interfere na liberdade humana. Cada pecador possui livre arbítrio, e seu destino eterno depende de como ele o utiliza. A liberdade do homem consiste em sua capacidade de escolher o bem ao invés do mal no que se refere aos assuntos espirituais; sua vontade não é escrava de sua natureza pecadora. O pecador tem o poder de ou cooperar com o Espírito de Deus e ser regenerado ou resistir à graça de Deus e perecer. O pecador perdido necessita da assistência do Espírito, mas ele não tem de ser regenerado pelo Espírito antes que possa crer, pois a fé é um ato do homem e precede no novo nascimento. A Fé é presente que o pecador dá para Deus; é a contribuição do homem para a salvação.


1. Incapacidade Total ou Total Depravação
Por causa da queda, o homem é incapaz por si mesmo de crer no evangelho para a sua salvação. O pecador está morto, surdo e cego para as coisas de Deus; seu coração é injusto e desesperadamente corrupto. Sua vontade não é livre, está unida à sua natureza má, portanto ele não será - na realidade ele não pode - escolher o bem ao invés do mal, no aspecto espiritual. Consequentemente, é necessário mais que a assistência do Espírito Santo para trazer um pecador até Cristo - é necessária regeneração, pela qual o Espírito Santo faz com que o pecador viva e dá-lhe uma nova natureza. Fé não é algo com que o homem contribui para a salvação, mas em si mesma é parte do dom de Deus para a salvação - é dádiva de Deus para o pecador, não um presente do pecador para Deus.
2. Eleição Condicional
A escolha de Deus de certos indivíduos para a salvação antes da fundação do mundo foi baseada na sua visão antecipada de que eles poderiam responder à sua chamada. Ele selecionou somente aqueles que Ele sabia que creriam livremente no Evangelho. Eleição, portanto foi determinada por ou condicionada ao que o homem faria. A fé que Deus anteviu e na qual Ele baseou a Sua escolha não foi dada ao pecador por Deus (ela não foi criada pelo poder regenerador do Espírito Santo), mas resultou somente da vontade do homem. Ela foi deixada totalmente à escolha do homem, quanto à em quem crer; e, portanto quanto a quem deveria ser eleito para a salvação. Deus escolheu aqueles que Ele sabia, através da sua própria vontade, que escolheriam a Cristo. Assim, o pecador escolhendo a Cristo; e não Cristo escolhendo o pecador é em última instância causa da salvação.
2. Eleição Incondicional
O fato de Deus escolher - antes da fundação do mundo - certos indivíduos para a salvação, repousa somente sobre a Sua soberana vontade. Sua escolha, de certos pecadores em particular, não foi baseada em nenhuma resposta ou obediência da parte deles, tal como fé, arrependimento e etc. Ao contrário, Deus concede a fé e o arrependimento a cada indivíduo a quem Ele escolhe. Tais atos são os resultados, não a causa da escolha de Deus. A eleição, portanto não foi determinada ou condicionada por nenhuma qualidade virtuosa ou ato antevisto do homem. Àqueles a quem Deus soberanamente elegeu Ele traz através do poder do Espírito Santo a uma pronta aceitação de Cristo. Assim a escolha de Deus quanto ao pecador, é em última instância a causa da salvação.
3. Redenção Universal ou Expiação Geral
A obra redentora de Cristo possibilitou a cada um ser salvo, mas na realidade não assegurou a salvação de ninguém. Embora Cristo morresse por todos, somente aqueles que crêem nEle estão salvos. A Sua morte possibilitou a Deus perdoar os pecadores na condição de que eles cressem, mas na realidade não colocou à parte o pecado de ninguém. A Redenção de Cristo se torna efetiva somente se o homem escolher aceitá-la.
3. Redenção Pessoal ou Expiação Limitada
A obra redentora de Cristo foi intencionada para salvar os eleitos somente; e realmente assegurou a sua salvação. Sua morte foi um pagamento substitutivo das faltas do pecado no lugar de certos pecadores em particular. Adicionalmente a colocar de lado os pecados do Seu povo, a redenção de Cristo assegurou tudo o que fosse necessário par a sua salvação, incluindo a fé, que os une a Ele. O dom da fé é infalivelmente dispensado pelo Espírito Santo a todos por quem Cristo morreu, portanto assegurando a sua salvação.

4. A Resistência ao Espírito Santo é Possível
O Espírito Santo chama "internamente" a todos aqueles que são chamados "externamente" pelo convite do Evangelho; Ele faz tudo o quanto Ele pode para trazer cada pecador à salvação. Mas tanto quanto o homem é livre, ele pode resistir com sucesso à chamada do Espírito Santo. O Espírito Santo não pode regenerar o pecador até que este creia; a fé (que é a contribuição do homem) precede e faz possível o novo nascimento. Assim, o livre arbítrio do homem limita o Espírito Santo na aplicação, na efetivação da obra salvadora de Cristo. O Espírito Santo somente pode trazer até Cristo aqueles que permitam que Ele possa vir até eles. Até que o pecador responda, o Espírito não pode dar a vida. A graça de Deus, portanto, não é invencível. Ela pode, e muitas encontram resistência por parte do homem; e é relegada por ele.
4. A Graça Eficaz; ou a Graça Irresistível.
Adicionalmente à expansiva e geral chamada à salvação, que é feita a todos que ouvem a palavra do Evangelho, o Espírito Santo estende aos eleitos um convite especial que inevitavelmente os traz à salvação. O convite eterno (que é feito a todos sem distinção) pode ser, e invariavelmente o é, rejeitado; enquanto sempre resulte em conversão. Por intermédio deste convite especial, o Espírito Santo irrestivelmente traz os pecadores até Cristo. Ele não é limitado na Sua obra de aplicar a salvação à vontade do homem, nem é ele dependente da cooperação do homem para o Seu sucesso. O Espírito graciosamente faz com que o pecador eleito coopere, arrependa-se e venha pronta e livremente a Cristo. Graça de Deus. Portanto, é invencível, nunca falha na salvação daqueles que foram eleitos.
5. Caindo da Graça
Embora o pecador tenha exercido fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na santificação, ele poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo.

5. Perseverança dos Santos
Todos aqueles que são escolhidos por Deus, redimidos por Cristo, e a quem a fé foi dada pelo Espírito Santo estão salvos eternamente. Eles são mantidos na fé pelo poder de Deus Onipotente e assim perseverarão até o fim.
De Acordo com o Arminianismo:
A Salvação é conseguida através dos esforços conjuntos de Deus (que toma a iniciativa) e do homem (que deve corresponder) Deus providenciou a salvação para todos, mas as suas provisões vêm a ser efetivas somente para aqueles que, através de seu livre arbítrio, "escolher" e "decidir" cooperar com Ele e aceitar a Sua Graça. Neste ponto crucial, a vontade do homem tem uma parte decisiva; assim o homem, não Deus, determina quem será o recipiente do dom da salvação.

De Acordo com o Calvinismo:
A Salvação acontece através do poder supremo do Deus Triúno. O Pai escolhe um povo, o Filho morreu por eles, o Espírito Santo faz com que a morte de Cristo seja efetiva em trazer os eleitos à fé e ao arrependimento, destarte fazendo com que eles prontamente obedeçam ao Evangelho. Todo o processo (eleição, redenção e regeneração) é a obra de Deus e ocorre somente através da sua graça. Assim Deus, não o homem, determina quem será o recipiente do dom da salvação.
REJEITADA
pelo Sínodo de Dort
Este foi o sistema constante da "Remonstrância" (embora os "cinco pontos" não estivessem originalmente assim ordenados). Foi submetido pelos Arminianos à Igreja da Holanda para adoção em 1610, mas foi rejeitado pelo Sínodo de Dort em 1619, nas bases de que não era Bíblico.
REAFIRMADO
pelo Sínodo de Dort[11]
Este sistema teológico foi reafirmado pelo Sínodo de Dort em 1619 como a doutrina da salvação contida nas Sagradas Escrituras. O sistema foi à época formulada em “cinco pontos” (em resposta aos “cinco pontos” submetidos pelos Arminianos) e desde então tem sido conhecido como "os cinco pontos do Calvinismo".


III – A TEOLOGIA PROTESTANTE EM SÃO RAIMUNDO NONATO.
            Alguns dos leitores deste artigo poderão pensar que estamos sendo pessimistas de mais sobre a avaliação a respeito dos evangélicos desta cidade. Na verdade diríamos que a nossa avaliação parte da concepção que vemos a respeito deste tema; questionamos, será que as Igrejas Evangélicas de São Raimundo Nonato possuem uma compreensão destas questões essenciais da fé cristã?
            Na verdade não existe uma teologia protestante na cidade de São Raimundo Nonato, o que existe é um semi-pelagianismo ou arminianismo. Que na verdade é a mesma doutrina ensinada pela Igreja Católica Romana. Onde os crentes defendem o chamado livre-arbítrio negando assim, a total depravação do homem; e ainda, sustentam que Deus toma a iniciativa depois da escolha do homem – negando assim, a soberania absoluta de Deus.
            Isso é demonstrado em nossa cidade apartir da prática, anti-bíblica do sistema de apelo. Parecem que os crentes nunca leram Efésios 2.1 – “ele vos deu vida estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”. Como pode um morto escolher a salvação? A velha pergunta que se faz depois do sermão: “quem quer aceitar Jesus?” nos inclina a perguntar: Será que a Bíblia e o ensino de Cristo autorizam esta prática? Os crentes de nossa cidade parecem que nunca leram a declaração de Cristo: “Não foi vós que escolhestes a mim, pelo contrário eu escolhi a vós...”( João 15.16)?
            Avaliando estas concepções podemos seguramente declarar que as Igrejas Evangélicas da Cidade de São Raimundo em sua maioria não são protestantes! E estão longe de ser; isto porque não acreditam nas doutrinas fundamentais da Reforma. Por exemplo, as igrejas evangélicas desta cidade não acreditam na doutrina da suficiência das Escrituras Sagradas, visto que mais de noventa e nove por centos destas igrejas acreditam em novas revelações, línguas, profecias e visões.
            Eles também não acreditam no Sola Gratia [ somente a graça ] isto é demonstrado pelos grandes esforços que estas igrejas empreendem para tornar o cristão em alguém que deve se manter na graça para não perder a salvação; a ideia, é que o tipo de roupa, o tipo de música e o tipo de lugares que se freqüentam podem impedir que os crentes podem chegar ao céu. O somente a graça não faz parte da prática os evangélicos daqui.
            Outra doutrina rejeitada pelos evangélicos de São Raimundo Nonato é certamente o Sola Fide – somente a fé. Esta doutrina designa a concepção protestante de que o homem é justificado [aceito como justo diante de Deus] unicamente pela fé. Fé esta não prevista, não infusa, mas como um dom gracioso de Deus ao pecador eleito. A igreja evangélica de nossa cidade ensina que o homem é salvo por meio de sua obediência e que para isso precisa seguir os ditames eclesiásticos [ em outras palavras é a teologia Católica Romana da justificação pelas obras ].
            Mas, outra doutrina que notoriamente rejeitada pela igreja evangélica em São Raimundo Nonato é o Solus Christus – somente Cristo. Pois, ele invalidam o sacrifício de Cristo quando condicionam a salvação aos usos e costumes das igrejas locais: como a proibição do uso do batom, do uso de calças compridas para as mulheres e de bermudas para os homens dizendo que podem perder a salvação.
            E, o último conceito teológico que os evangélicos de São Raimundo Nonato rejeitam é o Soli Deo Glória  que consiste em afirmar que a salvação do começo ao fim é uma obra de Deus; por isso, a ele pertence toda a glória na vida e redenção dos pecadores e nada provém de nós.


[1] WRIGHT, R.K. Mc Gregor. A Soberania Banida – Redenção para a cultura pós-moderna. Tradução: Heber Carlos de Campos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 47.
[2] MARTINS, Valter Graciano In: COLLET, Carlos H. Inovações do Romanismo. São Paulo: Editora Parakletos, 2001, p. 8.
[3] GERSTNER, John H. “The Theological Boundaries of Evangelical Faith”, In: The Evangelicals: What They Believe, Who They Are, Where They Are Changing. Abigdon: Nashville, 1975, p.22.
[4] REDD, Kevin. Fazendo a Fé Naufragar – Evangélicos e Católicos Juntos. Tradução: Adriana Gomes. São Paulo: Editora  Os Puritanos, 2002, p.80
[5] REDD, Kevin. Fazendo a Fé Naufragar – Evangélicos e Católicos Juntos. Tradução: Adriana Gomes. São Paulo: Editora  Os Puritanos, 2002, p.80-81.
[6] WRIGHT, R.K. Mc Gregor. A Soberania Banida – Redenção para a cultura pós-moderna. Tradução: Heber Carlos de Campos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1998, p. 14.
[7] NASCIMENTO, Adão Carlos.; MATOS, Alderi Souza de. O que todo Presbiteriano Inteligente deve Saber. São Paulo: Editora Socep, 2007, p. 12.
[8] Idem
[9] KUYPER, Abraham. Calvinismo. Tradução: Ricardo Goveia e Ricardo Arantes. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p.20.
[10] BOETTNER, Loraine, Os cinco pontos do Calvinismo versus os cinco pontos do arminianismo, disponível no site: www.monergismo.com. acessado em: 17/04/10, às 15h22.
[11] Este sínodo foi reunido nos anos de 1618-1619 na Holanda na cidade de Dort para definir as proposições do ensino protestante contra os Arminianos formulando em cinco pontos o que um protestante Reformado Crer.