sábado, 18 de fevereiro de 2012

Exposição de Tiago 5.13-20

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO.
Prof. João Ricardo Ferreira de França.
Tiago 5.13-20:  
13 Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.  14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.  15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.  16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.  17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.  18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.  19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, 20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.
Introdução:
         Esta palavra de Tiago é bem importante em nossos dias, um tempo em que as igrejas exploram o sofrimento, onde o dinheiro e a lucratividade é vista em cima da miséria alheia; temos visto na TV a teologia da prosperidade furtando o sonho dos pobres de nossas igrejas. Este ensino é odioso, ofensivo e blasfemo.
         Em nossa época é natural declarar que o sofrimento é resultado do pecado particular de alguém; ou mesmo, a falta de fé  para com Deus. Então, quando os crentes se encontram em dificuldade e sofrimentos não sabem como lidar com eles, simplesmente porque foram ensinados a pensar que se estão sofrendo é uma prova de que não são crentes.
         Digo isso, com dor no coração, mas a Teologia da Prosperidade rouba de nós a esperança na oração. Esta teologia faz com que os corações dos crentes não se entreguem a providência de Deus; e, o apóstolo aqui nos ensina como lidar com esta falsa teologia e nos apresenta como viver a verdadeira teologia na prática; isto implica que a penas uma teologia que leva em consideração a providência de Deus é digna de ocupar o púlpito e o ensino da igreja.
I- A PERSISTÊNCIA NA ORAÇÃO.
         A grande lição colocada para nós nesta seção da carta de Tiago é a persistência na oração. Nos versículos de 13-18 temos esta verdade presente. Digo isso de modo deliberado porque me parece que a igreja desaprendeu a orar, deixou de lutar no quarto secreto da oração. E Tiago aqui nos leva a pensar sobre isso. E como começa esta persistência em oração?
1. Oração e Louvor (5.13)
13 Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.
         O cristão nem sempre está por cima. Ele não é uma montanha de fé. Às vezes seu coração e sua vida são marcados pelo sofrimento. Não importa a natureza deste sofrimento pode ser físico, financeiro, espiritual e mental. Pois, o crente vez por outra sofre.
         Mas como reagir em relação ao sofrimento. Algum de nós aqui diria que deveria ir ao psiquiatra ou quem sabe ao psicólogo ou ainda algum terapeuta poderá ajudar nos sofrimento que se está enfrentando; todavia, Tiago diz que o cristão deve se refugiar na oração. Buscar forças em Deus por meio da oração.
         A solução para o sofrimento não é reunião dos 318 homens de fé; ou passar por baixo de um manto carmezim. Então, onde encontra a solução? Simplesmente está no fato de orarmos. Alguém está sofrendo? Tiago ordena a oração.
         Tiago usa um contraste gritante. Sofrimento e alegria. O crente tem atitudes singulares ante as duas faces da providência. No sofrimento o crente recorre a oração e na alegria ele rompe em louvores. Ele canta salmos a Deus. Os salmos nos lembram sempre que ambas as realidades são companheiras constantes do cristão
2. Oração é Fé (vs.14-15).
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.  15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
         Estes dois textos tem sido mal interpretados ao longo do tempo. Aqui neste texto tempos algumas verdades que precisam ser esclarecidas.
         Tiago um pastor preocupado com o seu rebanho dirige-se a um crente que está em sofrimento, e agora ele nos revela a natureza deste sofrimento.
          A enfermidade que cai sobre o corpo do crente. A doença que torna o seu corpo, sua mente e seu coração fragilizado. Seu corpo está fragilizado porque não tem forças de ir até a igreja; sua mente parece está tão ocupada em pensar no sofrimento que não vê possibilidade para a restauração; e seu coração encontra-se fragilizado porque nos parece que ele havia perdido esperança na oração.
         Qual é a atitude de um cristão que está acamado, doente, enfermo? Tiago diz “Chame seus pastores” – os presbíteros da igreja – note como Tiago coloca a responsabilidade do pastoreio e do cuidado com rebanho sobre o ombro dos presbíteros da igreja local.
         A despeito disso tudo há crentes que preferem decretar, ordenar, fazer um corrente do sal grosso, ou mesmo um copo ungido de água a ter que chamar seus pastores para orar por eles.
         Aqui nós temos o dever dos membros da igreja e a responsabilidade dos presbíteros da igreja local. È dever e responsabilidade dos presbíteros a oração pelas suas ovelhas. Tiago diz que estes devem orar por aquele que solicitou a visita.
         No versículo 15 Tiago acrescenta à função do presbítero a unção com óleo sobre o enfermo. Todavia, estaria o apóstolo nos ensinando a fazer uma unção com óleo como nos ensina a teologia da prosperidade e pentecostal de nossos dias? Não! O óleo era usado na época como medicamento se alguém estava ferido de mais tinha suas feridas limpadas com óleo Isaias 1.5-6:
Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo.  6 Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo.
         O óleo era usado também para baixar a temperatura febril de alguém; então, Tiago está dizendo aos presbíteros que deveriam orar pelo enfermo, mas não se esquecer de usar os recursos médicos da época. Mas, por que Tiago se preocupa com este detalhe? É simples é porque os presbíteros sempre foram visto como pais na vida da comunidade cristã, Tiago relembra-lhes esta função.
         Notemos ainda que o foco de Tiago não é na unção, mas na oração que tem o selo de que Deus há de restaurar a saúde do que sofre. Deixa isso bem claro. Aprendemos que a igreja primitiva aqui valorizava a oração na vida cristã.
         Tiago ainda com o seu coração pastoral diz que se aquela pessoa enferma estivesse pecado contra Deus e sua palavra deveria receber uma palavra de Perdão.
         A enfermidade é resultado de algum pecado? Nem sempre, podemos considerar o caso de Jó que Deus planejou um sofrimento grande para ele; todavia, mesmo doente Jó sabia que não havia cometido pecado algum, ainda que, seus amigos achassem que sim.
         A resolução de Tiago aqui tem como objetivo fazer com que o enfermo pondere tudo no seu coração e veja se abriga ali algum caminho mau; e, assim, viva uma novidade de vida para com Deus.

3. O Poder da Oração (vs.16).
16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados.
         Por que devemos insistir e persistir em oração? A Resposta é que ela é poderosa para grandes coisas que nós com palavras e ações somos incapazes de fazer.
         O processo poderoso da oração começa quando conseguirmos confessar ao outro os nossos pecados – pecados contra o nosso irmão – e se estes pecados não são confessados, mas alimentados em nosso coração dificilmente se ouvirá uma oração dos nossos lábios em favor destes.
         Tiago insiste na oração porque esta pode realizar coisas realimente poderosas. Ela pode restaurar nossos relacionamentos com o outro; quando oramos, uns pelos outros as feridas da alma, do coração são sanadas, são curadas.
         A oração de um pelo outro expressa uma palavra que esta igreja precisa aprender e praticar: Comunhão. É disso que esta igreja precisa, comunhão. Nos preocuparmos com outro, com os problemas do outro; isso é revelado quando dispomos o nosso coração para orar pelo outro.
4. Um Exemplo de Persistência em Oração (vs.17-18)
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.  18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
         Tiago sabe que por vezes nos apoiamos em grandes heróis da fé. E por isso, cita um grande homem – o profeta Elias – mas todavia, nos lembra algo significativo este era um com os mesmos sentimentos que nós.
         A fragilidade de nossa alma, o medo das circunstâncias nos levam para baixo a ponto de não conseguir erguer os olhos aos céus e clamar a Deus; todavia, Tiago lembra que Elias também se sentiu assim. Orou a Deus por um milagre, mas depois orou novamente e Deus atendeu. Note é a persistência em oração que está em foco aqui precisamos aprender isso, Deus atenderá nossas orações, apesar de nós e de nossa fragilidade.
II – SALVANDO O DESVIADO (vs.19-20)
19 Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, 20 sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.
         Aqui Tiago ainda lida com a questão da paciência. Todavia, desta feita com a questão de um membro da igreja que se desviou. Aqui Tiago chama a responsabilidade da Igreja para se empenharem em trazer de volta aquele que saiu do seu meio.
         É prova de amor querer que outro caminho no caminho certo da vida e da piedade. Este é o tema discutido por Tiago aqui. A busca pelo que havia se desviado é de fundamental importância porque se está lidando com questões eternas. Não se devia de modo algum pensar em números quando se busca resgatar pecadores, mas deve-se pensar na eternidade da alma desta pessoa.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

DA FÉ SALVADORA - TERCEIRA PARTE (FINAL)

IGREJA PRESBITERIANA EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.
Estudos na Confissão de Fé de Westminster.
Professor Rev. João Ricardo Ferreira de França.
(Dia do Senhor, 12 de Janeiro de 2012)
Aula III.
DA FÉ SALVADORA – CAPÍTULO XIV
Seção III – Esta fé é de diferentes graus: é fraca ou forte; pode ser muitas vezes e de diversas formas assaltada e enfraquecida, mas logra vitória; desenvolvendo-se em muitos até atingir uma plena segurança através de Cristo, que é tanto ou autor quanto o consumador de nossa fé.
Introdução: Este é o nosso último estudo sobre este tema. A doutrina da fé salvadora é de fundamental importância para o crescimento na graça dos membros da igreja de Cristo. Aqui nesta seção vamos aprender um pouco mais sobre esta verdade. Esta declaração confessional, certamente, tem a finalidade de nos conduzir a uma vida de humildade diante de Deus e dos homens. Vejamos:
I – A FÉ SALVADORA TEM GRAUS DIFERENTES DE CERTEZA.
         Nem sempre estamos tão confortáveis com a nossa posição cristã; por muitas vezes a nossa fé pode oscilar entre a certeza e a dúvida. E isto muitas vezes é devido a negligência dos exercícios espirituais que devemos fazer diariamente: leitura da Palavra, oração, estudo, freqüência aos cultos e reuniões da igreja. O autor aos Hebreus nos lembra exatamente esta verdade em 5.13-14.
         Esta fé pode ser “forte ou fraca” em cada pessoa que declara cristão, e como já falamos isso decorre da negligência dos exercícios que nos conduzem a vida piedosa de crença em Deus. O Santo Apóstolo Paulo declara que a certeza de fé é importantíssima na vida do crente, e para comprovar isso ele ilustra esta verdade com a vida do personagem Abraão em Romanos 4.19-20.
         A ansiedade pela questão e incerteza do futuro gera homens e mulheres de fé enfraquecida; o Senhor Jesus declarou isso de forma sublime e clara em Mateus 6.30; sabemos que Cristo aqui mostrou que a preocupação demasiada com o amanhã é uma falta de confiança na soberania e no cuidado de Deus.
         A história do centurião ilustra para nós esta verdade de que a fé pode ser forte ou fraca. Ele tinha um servo muito doente e ao encontrar-se com Jesus implorou pela cura de seu criado, todavia, o Senhor olha para aquele homem e diz que vai até a casa dele para realizar o milagre. A resposta do homem é que ele não era digno de Cristo entrar em sua casa, mas apenas uma palavra do Senhor Jesus seria suficiente para o criado fosse curado. A resposta de Cristo é surpreendente “nem em todo o Israel encontrei tamanha fé” (Mateus 8.10).
II – A FÉ SALVADORA POR MUITAS VEZES SE AÇOITADA POR MUITAS TRIBULAÇÕES E ENFRAQUECIDA.
         A Confissão de fé nos diz que esta Fé salvadora é por diversas formas “assaltada e enfraquecida, mas sempre conquista a vitória”; nas tentações ela pode ser assaltada (Lucas 22.31,32); isso é algo que muitos de nós bem sabemos e enfrentamos no dia a dia. A fé na Escritura é retratada como o nosso escudo no qual vencemos os inimigos que tem nos destruir (Efésios 6.16). E sempre devemos ter a consciência de que esta fé vence o mundo (1Jo. 5.4,5), ou seja é uma fé vitoriosa.
         As tribulações podem abalar a fé, podem até quase torná-la inexistente, mas nunca consegue vencê-la.
III – A FÉ SALVADORA POR ATINGIR O GRAU DE PLENA SEGURANÇA.
         Nesta luta a fé redentiva vai desenvolvendo-se crescendo, se fortalecendo até chegar a um grau de plena segurança onde os crentes descansam unicamente m Cristo Jesus para a vida e a piedade.
         O desejo do autor aos Hebreus é que os membros da igreja vivem uma vida diligente para que possa alcançar esta segurança plena de fé na vida deles (Hebreus 6.11-12).
         Na mesma carta existe uma exortação similar onde somos chamados a nos aproximar de Deus com um coração mergulhado de plena certeza de fé (Hebreus 10.22).
         O apóstolo Paulo sendo bem enfático fala da riqueza que deve haver em um coração marcado por uma fé plena (Colossenses 2.2); a implicação disso é que a igreja deve sempre estudar a Palavra para que possa chegar a esta plena certeza. Todavia, esta plena certeza só possível por causa de Cristo que é o autor e consumador de nossa fé (Hebreus 12.2)  

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O PRIMEIRO MANDAMENTO

DEUS O CENTRO DE NOSSA VIDA:
A IMPORTÂNCIA DO PRIMEIRO MANDAMENTO PARA A VIDA CRISTÃ
Rev. João Ricardo Ferreira de França*
Êxodo. 20.3 – “Não terás outros deuses diante de mim.
Introdução:
Estamos vivendo dias em que a lei de Deus tem sido de fato rejeitada. As dez palavras do Sinai tem sido desprezadas pela Igreja da atualidade; a forte ênfase dispensacionalista. Se tem tornado um problema constante para aqueles que desejam de fato encarar a atualidade da lei de Deus. Vimos em nosso último encontro que o prefácio nos fala verdades negligenciadas na vida da Igreja da atualidade.
Hoje nós vamos começar a trabalhar o primeiro mandamento da Lei de Deus. Que trata especificamente de quem é Deus. Aqui neste mandamento Deus deve ser visto como o centro de nossas vidas é nisto que nos concentraremos nesta noite. Aqui nós sumarizaremos os nossos deveres diante deste mandamento e os pecados contra ele.
I – OS DEVERES NO 1º MANDAMENTO.
(Catecismo Maior de Westminster, Pergunta.104).
Os mandamentos começam com uma tônica negativa o termo hebraico é: “Lo” “não” o uso deste advérbio de negação nos ensina que não se trata de uma mera negação, mas é uma negação enfática: “Nunca!” Esta é a força do hebraico;  em  outras  palavras,  não  trata-se  de  algo  opcional,  mas  reveste-se  de  capital importância para cada um de nós aqui nesta noite.
O que é proibido aqui? “yheyeh leka elohim aherim - o trazer cativos para nós deuses outros. Mas surge-nos uma pergunta: O substantivo elohim não é usado para descrever o Deus criador, então, como aqui o mesmo substantivo é usado para descrever outros “deuses” que não o Criador? A resposta a esta questão está na gramática; pois, quando o termo é usado para “referir-se ao Deus de Israel, este termo usualmente concorda no singular...; quando usado para referir-se a vários deuses, ele concorda no plural”. (WALTKE & O’CONNOR, 2006, p.122) como é o nosso caso aqui.
Quais são os deveres que são exigidos de nós aqui neste mandamento?
1.  Conhecer e Reconhecer a Deus:
Quando lemos este mandamento nos cercamos da verdade de que Ele dever ser conhecido; ele se revela a nós pecadores, isto já se percebeu no prefácio; quando ele diz que não dever ter outros deuses – no texto hebraico seria “não terás tu” ele individualiza o povo da aliança; outras nações podem até possuir outros deuses, mas o povo redimido não.
A realidade ensinada aqui no mandamento é que apenas Deus deve ser conhecido como de fato Deus; mas não apenas isso, também se requer de cada um de nós é que ele seja reconhecido como nosso Deus. Como isso pode tornar-se uma realidade? Como Deus pode ser Conhecido e Reconhecido como tal. A Bíblia ensina de uma forma surpreendente “Tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai e serve-o de coração íntegro e alma voluntária; porque o SENHOR esquadrinha todos os corações e penetra todos os desígnios do pensamento. Se o buscares, ele deixará achar-se por ti; se o deixares, ele te rejeitará para sempre.” (1 Crônicas 28.9).
1.1 Ele deve ser visto como Deus Único: A súmula disso é que o monoteísmo deve ser afirmado neste mundo o povo da aliança deve apenas crer na existência de um único Deus. Esta é a real concepção que este mandamento nos autoriza. Deus deve ser nosso Deus “Hoje declaraste ao SENHOR que ele te será por Deus, e que andarás nos seus caminhos, e guardarás os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e darás ouvidos à sua voz.” (Dt.26.17 – ACF).
1.2 Ele deve ser contemplado como Deus verdadeiro: Ele é o verdadeiro Deus, quando o mandamento diz que devemos não Ter outros deuses, isto implica dizer que todos são falsos, pois, existe apenas um que é verdadeiramente Deus. A falsidade dar-se também no campo religioso, muitas vezes estamos servindo a um Deus que não é verdadeiro. Este é um aspecto que precisa ser levado em consideração.
2.  O Mandamento nos exige o culto e Glorificação a Deus.
O primeiro mandamento nos obriga ao culto a Deus observe o que diz o salmo 95:6-7: Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz”. A centralidade de Deus é vista quando diz “não terás outros deuses “diante  de minha face” no hebraico é Al-Paney. Algumas verdades se desprendem aqui:
1.  Que estamos sempre diante da face de Deus. Não importa se estamos em outro país, cidade ou mesmo região, estamos sempre diante da face de Deus[1]. A nossa vida é para Deus. É para glorificá-lo, este mandamento nos levar a pensar nisso que forma profunda. Por mais que estejamos em outro lugar, estamos diante do soberano do universo.
2.  Que Deus é onipresente. Esta é outra verdade que aprendemos com a expressão “y;n"©)P'-l[;”  -Al-Paney - isto significa que ele sempre está nos vendo em nossas transgressões no que respeita a este mandamento. Disto podemos concluir que este mandamento exige de nós:
a.   O Pensar em Deus: Quando o mandamento nos diz que não devemos ter  outras divindades diante da face de Deus, está nos obrigando a ocupar a nossa mente, nutrir a nossa mente somente com Deus; Deus deve ser  o  centro de nossos pensamentos, de nossas palavras e atitudes. “Malaquias 3:16  Então, os que temiam ao SENHOR falavam uns aos outros; o SENHOR atentava e ouvia; havia um memorial escrito diante dele para os que temem ao SENHOR e para os que se lembram do seu nome.”
b.  Meditar em Deus: “Salmo 63:6:  no meu leito, quando de ti me recordo e em ti medito, durante a vigília da noite.” A meditação em Deus é reconhecê-lo como o único centro de nossas vidas, o nosso Sumo Bem.
II – OS PECADOS QUE SÃO PROIBIDOS NESTE MANDAMENTO (Catecismo Maior de Westminster perg.105).
Este mandamento não apenas nos ordena o que devemos fazer, mas também nos indica o que não devemos fazer. O mandamento condena determinadas atitudes que o homem tem tomado em relação a Deus e a sua revelação na Lei dos Dez Mandamentos. Que pecados são condenados no primeiro mandamento?
1.  O Ateísmo: O que é o ateísmo? Não outra coisa senão a negação de Deus. O mandamento não só proíbe o Ter outro deus, mas também nos proíbe de negar o legítimo e verdadeiro Deus. Mas será que estamos insetos desta realidade?  A resposta é não. Nós muitas vezes somos ateus; pois, queridos existe dois tipos de ateísmo: O prático e teórico. O ateísmo prático resume-se no fato de que nós tomamos muitas de nossas decisões sem pedir orientação a Deus; sua direção para os nossos empreendimentos é necessária. Mas não é somente isso, o ateísmo prático também se torna evidente em nossas vidas quando não contamos com a sua providência, com o seu cuidado sobre cada um de nós; muitas vezes reclamamos da situação na qual estamos mergulhados, muitas vezes são situações que não nos agradam, mas que Deus planejou para cada um de nós. É pecado contra o mandamento quando ignoramos a oração; quando deixamos de buscar a face de Deus em oração é um sinal de que estamos de fato vivendo como ateus neste mundo. Um texto que nos fala sobre isso é Salmo 14.1 – “o mestre de canto. Salmo de Davi Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem.”.
2.  A Idolatria: Outro pecado que é proibido aqui neste mandamento é a idolatria. Esta consiste na adoração de seres, objetos que não seja Deus; a Bíblia acentua isso de forma clara: “Jeremias 2:27-28:
Que dizem a um pedaço de madeira: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste. Pois me viraram as costas e não o rosto; mas, em vindo a angústia, dizem: Levanta-te e livra-nos.   Onde, pois, estão os teus deuses, que para ti mesmo fizeste? Eles que se levantem se te podem livrar no tempo da tua angústia; porque os teus deuses, ó Judá, são tantos como as tuas cidades.”
A idolatria é algo abominável aos olhos de Deus. A invocação de qualquer ser que não seja Deus é uma flagrante manifestação de rebeldia contra este mandamento.
3.  A Ignorância: Quando o homem decide ignorar a Deus; não deseja conhecê-lo. E de que forma isso ocorre? Na rejeição de Sua palavra. Quando não lemos, não ouvimos a pregação, a exposição da Palavra de Deus. Um exemplo está em: “Deveras, o meu povo está louco, já não me conhece; são filhos néscios e não inteligentes; são sábios para o mal e não sabem fazer o bem.” A igreja hoje peca contra este mandamento porque não busca conhecer este nosso Deus no tempo de Oséias isso era verdadeiro de uma forma acentuada. (veja-se: Oséias 4:1-6):
Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque nela não há verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamentos e homicídios sobre homicídios Por isso, a terra está de luto, e todo o que mora nela desfalece, com os animais do campo e com as aves do u; e até os peixes do mar perecem.Todavia, ninguém contenda, ninguém repreenda; porque o teu povo é como os sacerdotes aos quais acusa.  Por isso, tropeçarás de dia, e o profeta contigo tropará de noite; e destruirei a tua mãe. O meu povo está sendo  destruído,   porque  lhe  falta  o  conhecimento.  Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei  do  teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.

O povo é destruído por causa dos seus líderes que deveriam conhecer a Lei de Deus, mas a ignoram não querem conhecer a Lei de Deus para ensiná-la aos homens.  Este é o ponto que percebemos neste texto de Oséias.
4.  A Heresia: O primeiro mandamento condena toda e qualquer heresia a respeito da pessoa de Deus e da sua revelação. Isto incluí todas as nossas falsas opiniões sobre Deus e a sua palavra.      As falsas concepções estão de fato destruindo a unidade da Igreja de Cristo. No texto de Paulo em Gálatas 5.20 a palavra “facções” no texto grego é “ai`re,seij” ou seja, toda facção religiosa sustenta as mais gritantes heresias e concepções equivocadas a respeito de Deus e de sua palavra.
É pecado contra o primeiro mandamento tem uma falsa doutrina sobre Deus. Qual é a nossa atitude para com aqueles que sustem heresias. Não pode ser outra senão a que nos ordena Paulo em Tito 3.10 “deixa-o”, pois, o herege não tem comunhão com os santos, ou seja, com a Igreja que proclama fielmente a Lei de Deus. Pois, toda falsa doutrina vai gerar desconfiança no crente e cair em desespero e não confiar mais na providência de Deus.

III – O PRIMEIRO MANDAMENTO E A PROVIDÊNCIA DE DEUS
A grande verdade aprendida neste mandamento é a providência de Deus. Pois, somos ensinados por Deus aqui que apenas ele, e somente ele de fato cuida de nós. Isto significa que devemos elevar os nossos corações a ele, pois, somente nele encontramos repouso seguro. Pois, não existe outro Deus em quem devemos depositar as nossas orações.
Em sua  providência  devemos  estar  fincados,  abalizados.  É  aqui  que  precisamos  ser  mais crentes. O mandamento diz que não devemos trazer diante da face de Deus outros deuses. Isto significa que a nossa boa posição não deve ser colocada diante de Deus como se não precisássemos de Deus nesta vida.
         Quando se nos diz “diante de minha face” implica em não confiarmos em nossas próprias forças pelo que somos ou pelo que possuímos, e atribuírmos tudo o que temos e somos a nós somente; mas, se nos ensina aqui que apenas Deus e somente ele deve receber a glória em tudo o que temos e somos.
         Isto nos impele para outra verdade, é  que tudo o que fazemos na escola, no trabalho na faculdade ele está sendo glorificado. Ou seja, em tudo estamos servindo a Deus (1 Co.10.30). Deus está sempre diante de nós; e nós, estamos sempre diante dele, pois, tudo o que fazemos ou deixamos de fazer ele está vendo (Hb. 4.13). Diante disso que aplicações podemos tirar deste mandamento?
1.  Que Deus se revelou a nós para ser Conhecido e  Reconhecido: não  foi  do seu  agrado ficar escondido, mas quis revelar-se ao homem.
2.  Que é nosso dever viver par tê-lo como nosso único e verdadeiro Deus: A revelação de Deus nos conduz para termos o autêntico conhecimento de Deus, então, é nosso dever tê-lo como o centro de nossa vida.
3.  Devemos viver com a perspectiva de que sempre estamos diante de Deus: Não importa onde estejamos, pois, ele é o nosso Deus soberano; e a nossa vida visa glorificá-lo. Vivamos uma vida que vise apenas à glória de Deus neste mundo.


* O autor é formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife (PE), é professor e coordenador do departamento de Teologia Exegética do Antigo e Novo Testamento no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (Recife) e atualmente Pastoreia a Igreja Presbiteriana do Brasil em São Raimundo Nonato – PI
[1] Teologicamente entende-se esta perspectiva como Coram Deo – diante da face de Deus – para uma introdução a esta perspectiva reformada recomendamos a leitura do belo artigo de OLIVEIRA, Fabiano de Almeida. Philosofando Coram Deo: Uma Apresentação Panorâmica da Vida, Pensamento e Antecedentes Intelectuais de Herman Dooyeweerd In: Fides Reformata XI, Nº2 (2006), p. 73-100. Este artigo também se encontra publicado no site: www.eleitosdedeus.org

PREFÁCIO AOS DEZ MANDAMENTOS

A SUPREMACIA DA LEI DE DEUS:
 A IMPORTÂNCIA DO PREFÁCIO DOS DEZ MANDAMENTOS
PARA A IGREJA DE CRISTO.
Rev. João Ricardo Ferreira de França.*
Texto Bíblico:Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”.(Êxodo 20.1-2).
Introdução:
A Lei de Deus tem sido totalmente rejeitada em nossa sociedade atual, e o triste disso tudo é o fato de que tem sido rejeitada pela igreja atual também. A Influência dispensacionalista em nossos dias é muito grande. Muitos presbiterianos dizem que não são dispensacionalistas, mas todas as vezes que negligenciamos os mandamentos de Deus, por menor que nos pareça, ou mesmo, diminuímos o valor de qualquer destes mandamentos da Lei de Deus, já nos tornamos dispensacionalistas práticos. 
 Uma forma notória       de dispensacionalismo  é contemplada quando  lemos comentários bíblicos sobre os Dez Mandamentos e não encontramos uma abordagem detalhada do prefácio ao Decálogo.
É aqui no prefácio à Lei de Deus que temos uma profunda visão da divindade que servimos; é precisamente aqui onde aprendemos mais sobre Deus do que imaginamos, pois, neste texto as verdades a respeito de Deus são colocadas de forma singular diante de nossos olhos, e assim, somos tomados por um senso de grande gratidão para com o Deus que a Bíblia de fato revela. A gratidão exercida em nossos corações não é por aquilo que Deus nos pode oferecer, mas pelo quê Ele é. Algumas verdades podem ser extraídas deste texto exegeticamente, e recebemos algumas informações fundamentais ao nosso cristianismo:


I – O TEXTO NOS INFORMA SOBRE A ORIGEM DA LEI.
Alguns intérpretes da Bíblia possuem o entendimento que a Lei deve ser considerada como tendo a sua origem em Moisés. É verdade que a Lei pode ser considerada assim, mas não significa que é fruto dele, mas que ele registrou a vontade de Deus, e apenas neste sentido a lei pode ser atribuída a Moisés.
Por que falamos isso? É porque os que dizem ser a lei fruto de Moisés tendem a rejeitá-la por sustentarem um conceito dispensacional das Escrituras; o texto que temos diante de nos indica a origem da Lei: “ então, falou Deus...” no texto hebraico nós temos: Vaydaber Elohim. E a idéia transmitida é a seguinte: “E verbalizou, proferiu, ditou como regra Deus....” O substantivo  - Elohim – indica que a Lei tem um autor que é o próprio DEUS.
Então, as dez Palavras do Sinai não são frutos da criação legal de Moisés. Isso implica em algo fundamental ao cristianismo que tem sido a noção de que a Lei não é de origem humana, mas divina. Não é da terra, mas é celestial. O texto pressupõe o fato de que a Lei é revelacional, pois ela nasce em Deus.
Sendo uma revelação não é algo opcional. O homem não tem o direito de dizer qual mandamento deve guardar ou não.  Devemos nos lembrar que para o cristianismo tradicional a revelação infalível é a essência do Teísmo. E o negar a revelação é o mesmo que negar a existência de Deus.
II – O TEXTO NOS INFORMA SOBRE A SUFICIÊNCIA DA REVELAÇÃO:
O segundo aspecto que devemos levar em consideração é que este prefácio do Decálogo nos informa a suficiência da revelação de Deus ao homem.
O texto nos diz que Deus não falou algumas palavras, mas o texto nos informa que ele falou “todas estas palavras”. No texto temos a expressão “Eth kol haddevarim”.
No texto hebraico a palavra “kol” aponta par a idéia de completude, este termo está no construto que indica uma relação de posse; em outras  palavras, todas  as  palavras pertencem a Deus, e são suficientes. O termo “haddevarim” – regras, palavras – são suficientes para o homem viver no mundo, são suficientes para oferecer uma direção ao povo do pacto, eles não precisam ir em busca de novas revelações, de novas regras para viverem a vida, eles não precisam de novas revelações para saberem qual é a vontade de Deus para as suas relações com o divino e com o seu semelhante, pois, a Lei sumariza e revela tudo isso de forma clara.
O “êth” (vocábulo hebraico sem tradução) é colocado no inicio da sentença para indicar a diretividade, pois, ele serve para indicar o objeto direto da sentença. Os homens precisam apenas encontrar-se com Deus na Lei para conhecerem a vontade dEle para as suas vidas. A única regra de vida está sendo apresentada ao povo da aliança – O Decálogo.
Isto implica no fato de que não devemos aumentar nenhum “til” ou “iod” à Lei, pois ela é suficiente e pela mesma razão não podemos diminuir nada da Lei. Ela é suficiente para cada um de nós.
A Lei não pode ser substituída pela subjetividade profética vazia do conteúdo da Lei de Deus; um profeta que profetizasse algo que se cumprisse, mas que introduzia erros no povo da aliança, não levando em consideração o Decálogo, tal profeta deveria ser morto diante do povo da aliança este é o teste de Deuteronômio 18, a pedra de Toque é Lei de Deus.
Mas porque isso? Porque Deus falou tudo o que era suficiente para o seu povo e expressou isso em sua Lei. E o que nós aprendemos no prefácio desta Lei?
III – PODEMOS APRENDER A RESPEITO DA PESSOALIDADE DE DEUS.
O teísmo apresenta um Deus pessoal. Assim também o faz o Cristianismo. No prefácio aos dez mandamentos nós aprendemos sobre a pessoalidade de Deus nas palavras “Eu sou”, no texto hebraico nós temos um pronome independente na primeira pessoa do singular Anoki, este pronome é sempre usado para descrever a existência pessoal de alguém, é usado aqui para enfatizar a pessoalidade o soberano da terra.
Indica que Deus não é uma força ativa, uma energia elétrica, ou coisa do tipo, mas a designação pessoal diz que ele mantém um relacionamento com o seu povo. Devemos nos lembrar que os pronomes independentes “servem como substitutos para uma um substantivo antecedente ou implícito”. Deus está sendo o centro do texto logo ele deve ser visto como pessoa.   Deus não é uma grande energia. Aqui o panteísmo é rejeitado e o teísmo bíblico é confirmado. Deus é pessoa no sentido mais pleno da palavra.
Outra verdade que podemos aprender aqui é o fato de que não é apenas o teísmo que tem sido confirmado aqui, mas o próprio monoteísmo que é o fundamento da verdadeira religião[1].  Se existe um Deus Ele deve ser pessoal, pois, os homens inevitavelmente irão buscar refúgio nEle. Os homens orarão a Ele na mais solene convicção que hão de ser ouvidos em suas preces, e isto, só pode ser possível se Deus for uma pessoa.
IV – PODEMOS APRENDER QUE O NOME DESSA  PESSOA  REVELA  UMA RELAÇÃO PACTUAL COM O SEU POVO.
O texto que temos diante de nós informa que o Deus que é pessoal é chamado de SENHOR no texto hebraico temos “yahweh”. Esse nome revela não só o próprio nome de Deus, mas aponta para o nome pactual no qual Deus tem se revelado através da história da redenção. Deus não é isolacionista – ele chama o homem a ter uma relação pactual consigo mesmo.
Mas algo precisa ser dito sobre esse nome Yahweh não significa somente uma relação pactual, mas indica também a existência eternidade desse Deus e aponta para a realidade de que Deus sempre existiu.
O nome “yahweh” é derivado a raiz hyh no hebraico que pode significar uma existência intemporal conforme Êxodo 3.13-14. O texto claramente indica que Deus é eterno, mas indica que ele é suficiente como Deus que é. A expressão “Eu sou o SENHOR” aponta para o fato de que o SENHOR E O QUE ENTRA EM ALIANÇA COM O POVO.
V – APRENDEMOS QUE ESSA PESSOA É O OBJETO DE CULO
O nosso texto nos informa que antes de considerarmos a lei precisamos entender que a pessoa que nos ordena estas dez palavras é digna de nosso culto e adoração. O texto diz: “Eu sou o SENHOR teu Deus...”
Chamo a atenção para a expressão “Teu Deus” no hebraico temos  “elohika”,o termo é uma junção de um substantivo “Elohim” mais um sufixo “ka” que tem a função de indicar a posse, mas pode também apontar para a questão da autoridade. Aqui o termo pode ser entendido como colocando Deus como o objeto de todas as nossas afeições, ou seja, todo o sentimento religioso deve ser movido para ele somente – ele é o teu Deus.
Deus é ensinado nos dez mandamentos como sendo o único digno de louvor e da adoração – aqui se anula os ídolos e toda forma de objeto de culto que não seja Deus somente. Aqui Deus é contemplado como sendo suficiente como objeto de culto e o centro de nossas afeições. O texto nos diz que devemos ter confiança nEle somente, e sermos submissos a Ele somente. Não devemos olhar para outro objeto de culto, e por isso, devemos nos submeter à sua lei.
VI – APRENDEMOS QUE DEUS TEM SE REVELADO COMO DEUS SALVADOR E REDENTOR DO POVO SEU.
O prefácio dos dez mandamentos nos mostra que o Deus que declara a Lei é “Redentor”, penso que falar de Deus como sendo um resgatador é apropriado. Note como Moisés coloca-nos isso “teu Deus, que te tirei da terra do Egito da casa da servidão”.
A expressão hebraica “asher hotser’thika” que significa “te tirei” no original tem o sentido de “te fazer sair”, também pode ser entendido como “colocar a mão para tirar”, Deus manifesta a sua redenção ao libertar o povo do estado de escravidão. Aqui somos informados que o autor das dez palavras não é um tirano que impõe a Lei sobre um povo desconhecido, mas mostrar que é um Deus amoroso, libertador de um povo indigno que não merecia a revelação deste Deus que nos revela as Escrituras Sagradas.
Mas aqui não é somente um resgatador que se nos apresenta aos olhos, mas que Ele se envolve na história dos homens. Ele é o Senhor da história. A história é a manifestação dos atos redentivos de Deus. E o fato histórico narrado neste texto é a libertação do povo hebreu do cativeiro egípcio.
Isto indica que Deus se envolve na criação, age na história para salvar o seu povo. Os dez mandamentos são um resumo da verdade suprema de que Deus está no controle de tudo; da história do povo da aliança como da vida religiosa e moral deste mesmo povo. Deus governa as nossas vidas, o nosso culto até nosso comportamento na sociedade. Aqui se desprende as seguintes verdades:
•        A soberania de Deus na salvação: Deus como salvador manifesta o seu braço redentor ao tirar o povo da casa da servidão. Aqui o prefácio nos diz que Deus dá a Lei ao povo regenerado, ou seja, foram resgatados para receberem a Lei de Deus como norma de vida.  Isto indica que os dez mandamentos são dirigidos especificamente à Igreja.[2]
•        Que Deus é Senhor da História: O deísmo é condenado aqui porque o prefácio nos diz que Deus age no mundo para libertar o seu povo que estava oprimido.
•        Que Deus é suficiente em si mesmo: O prefácio dos dez mandamentos nos ensina que Deus é suficiente, pois, é o único que pode dar sentido à nossa existência (Atos 17.24,28).
•        Que Deus é o único que pode ser adorado: Deus como se revela a nós pecadores deve ser visto como nosso único objeto de culto. E precisamos desejar adorá-lo como prescreveu em sua Lei. Lc.1.74-75.
Conclusão:
O prefácio aos dez mandamentos nos aponta para que cada sentença que é mencionada em cada mandamento está centrada em Deus e não no homem.  Cada mandamento deve ser obedecido e guardado porque Deus tem o direito de criação e redenção.
De criação porque como Deus único e soberano que é, trouxe esse mundo à existência, por isso, cada pessoa individualmente, deveria submeter-se à sua lei eterna; de redenção porque sempre se revelou redentor do seu povo.



* O autor é formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte (SPN) em Recife (PE), é professor e coordenador do departamento de Teologia Exegética do Antigo e Novo Testamento no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (Recife) e atualmente Pastoreia a Igreja Presbiteriana do Brasil em São Raimundo Nonato – PI.
[1] Sabemos que falsas religiões são monoteísta, todavia, aqui está em pauta a questão de que o Deus que a Bíblia revela, se manifestou proposicionalmente nas Escrituras do Antigo e Novo Testamento e na Pessoa de Seu Filho Jesus Cristo – este é o fundamento da religião verdadeira que é o Cristianismo!.
[2] Não devemos esquecer que é dever de todo homem obedecer  à Lei de Deus (Eclesiastes 12.13), pois, o homem foi criado para isto.